Uma conta de cerca de R$ 200 milhões está emperrando o fechamento do acordo de reestruturação da dívida de R$ 10 bilhões do grupo Queiroz Galvão. O ‘Estado’ apurou que os credores exigem que a empresa pague a primeira parcela da dívida no ato da assinatura do contrato, mas a holding só quer desembolsar o montante depois que todo o processo for concluído, com a formalização das garantias.

Segundo fonte próxima às negociações, os acionistas temem que a companhia faça o pagamento e, depois, durante a definição das condições precedentes, algum credor desista do acordo. A medida levaria o grupo a recorrer a um pedido de recuperação judicial ou extrajudicial, mas sem R$ 200 milhões em caixa, que já teriam sido desembolsados.

Pela proposta, a Queiroz teria um ano de carência para pagamento. No segundo ano, haveria o desembolso de juros e, no começo do terceiro ano, a empresa iniciaria a amortização de 14% dos débitos. As negociações se arrastam desde o fim de 2016 e precisam ser concluídas até o fim do ano, afirma um executivo envolvido no processo. Caso contrário, a saída será uma recuperação extrajudicial ou judicial.

A reestruturação inclui a dívida da construtora, da área imobiliária, do setor elétrico, da siderurgia, do braço de alimentos e do estaleiro. Ficaram de fora dívidas de negócios que não enfrentam problemas no curto prazo, como a empresa de exploração e produção de petróleo e a Vital, de coleta de lixo, que tem uma participação minoritária do grupo.

No início da semana, o braço de energia do grupo, que responde por 35% da dívida, entrou em recuperação extrajudicial por causa da inadimplência na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que poderia resultar na expulsão da empresa do ambiente de negócios.

Óleo e gás. Enquanto tenta definir o futuro da holding, a família Queiroz Galvão avança na solução para sua empresa de aluguel de sondas de petróleo, a Constellation, que está fora do escopo da holding. A recuperação judicial é vista como solução mais provável. A expectativa é que o pedido de proteção à Justiça seja protocolado até sexta-feira.

Pelo acordo que vem sendo costurado, a Constellation ganharia prazo de até dez anos para pagar a dívida, que soma US$ 1,7 bilhão – hoje, os financiamentos venceriam até 2024. Todas as plataformas da companhia serão oferecidas como garantia. A negociação envolve datas de pagamento diferentes a depender do credor. Aqueles que aceitarem emprestar mais dinheiro à empresa ganhariam preferência no recebimento, segundo explicou ao Estado fonte que participa das conversas.

O valor desse novo empréstimo dependerá da velocidade com que a Constellation recolocar suas sondas no mercado. Se fechar contratos de aluguel rapidamente, o dinheiro pode não ser necessário. Mas, caso as sondas permaneçam ociosas, o caixa só dura até abril ou maio, diz uma fonte a par dos números. A família seguirá dona, com 74% da empresa, mas não poderá receber dividendos até o pagamento total da dívida.

Procuradas, Queiroz Galvão e Constellation não comentaram.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.