O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre foi puxado, pela ótica da demanda, pelo consumo das famílias e pelos investimentos, enquanto o setor externo e o consumo do governo tiveram contribuição negativa para a atividade econômica, afirmou nesta terça-feira, 3, a coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Rebeca Palis.

A pesquisadora lembrou que o consumo das famílias responde por 65% do valor adicionado e, por isso, as altas de 0,8% ante o segundo trimestre deste ano e de 1,9% sobre o terceiro trimestre de 2018 sustentam o crescimento do PIB.

O consumo das famílias foi impulsionado pela recuperação gradual do mercado de trabalho – que, mesmo sustentada pela informalidade, permitiu o crescimento real da massa salarial real -, pela inflação comportada, pela expansão do crédito para as famílias e pelo nível mais baixo dos juros.

“Realmente, vimos um crescimento bastante grande do crédito voltado para as famílias”, afirmou Rebeca, citando o crescimento nominal de 15,5% no saldo das operações de crédito com recursos livres para pessoas físicas, conforme os dados do Banco Central (BC).

Além disso, o crescimento do consumo das famílias teve a contribuição da liberação de saques do FGTS, que começou em setembro. Para a pesquisadora do IBGE, como ocorreu apenas em um mês do trimestre, esse efeito pontual foi menor do que os demais fatores.

O PIB só não cresceu mais porque o consumo do governo e o setor externo puxaram a atividade para baixo. No primeiro componente, Rebeca destacou que há restrições orçamentárias nas três esferas de governo. Já o setor externo está com contribuição negativa desde o primeiro trimestre deste ano.

Para isso, pesam um arrefecimento da demanda global pelas exportações brasileiras e a crise da Argentina, que atinge em cheio as vendas externas de alguns segmentos da indústria, como a automobilística.