Conhecidas como substâncias químicas eternas, PFAS estão presentes em diversos produtos cotidianos e podem causar inúmeros problemas de saúde.Oficialmente, eles são chamados de fluorosurfactantes, mais precisamente, substâncias perfluoroalquílicas e polifluoroalquílicas conhecidos pela abreviatura PFAS. Elas são resistentes à água e gordura e, devido a essas propriedades, são utilizadas em diversos produtos do cotidiano.
Por serem amplamente usadas, elas chegam ao solo, água, alimentos, e, dessa maneira, ao organismo humano. As PFAS não se degradam na natureza, por isso são chamadas de substâncias químicas "eternas". Além disso, causam inúmeros problemas de saúde.
As PFAS podem, entre outras coisas, danificar órgãos, provocar abortos espontâneos e aumentar o risco de câncer. Elas podem causar doenças da tireoide e problemas de fertilidade, além de reduzir a eficácia de vacinas. O extenso grupo dos PFAS inclui vários milhares de compostos químicos.
Quanto tempo os PFAS permanecem no corpo humano?
O corpo costumar eliminar moléculas de PFAS de cadeia curta na urina após dias ou semanas. Já, para as PFAS de cadeia longa, o corpo precisa de vários anos para decompô-las, sendo elas eliminadas nas fezes.
Até o momento, não há medicamentos que possam ajudar na eliminação de PFAS do corpo. Somente o ingrediente ativo colestiramina parece acelerar esse processo.
A colestiramina atua contra níveis elevados de colesterol, que podem causar aterosclerose. Diversos estudos mostram que algumas fibras também ajudam a diminuir os níveis de colesterol no sangue. A fibra é um componente em grande parte indigesto encontrado principalmente em alimentos de origem vegetal, como grãos integrais e leguminosas, mas também em frutas, nozes e sementes.
Como a fibra pode ajudar o corpo a combater os PFAS
Cientistas então passaram a supor que, por agir de forma semelhante à colestiramina, as fibras seriam capazes de acelerar o processo de eliminação de PFAS. Essa hipótese foi analisada por pesquisadores das universidades americanas de Boston e Massachusetts durante exames sanguíneos que foram originalmente realizados para um estudo sobre o colesterol e a fibra beta-glucana, encontrada na aveia e na cevada.
Junto com o líquido dos alimentos, essa fibra forma uma espécie de gel no estômago e nos intestinos. Esse gel, assim como a colestiramina, também se liga ao ácido biliar e impede que ele entre na corrente sanguínea pelo intestino. Em vez disso, ele é eliminado nas fezes e o nível de colesterol no sangue diminui.
O grupo de indivíduos testados que ingeriu beta-glucano por quatro semanas não só reduziu o nível de colesterol no sangue, como também o de PFAS.
Fibra de aveia reduz PFAS no sangue de camundongos
A equipe então iniciou um estudo, utilizando, porém, camundongos. Os animais foram expostos a uma mistura de sete substâncias PFAS por meio de água potável durante seis semanas e receberam alimentos semelhantes aos consumidos por uma parcela representativa da população dos EUA. Um grupo de camundongos também recebeu beta-glucano de aveia, enquanto um outro recebeu a fibra inulina, que não forma um gel.
Os ratos que receberam o beta-glucano beberam significativamente mais do que o outro grupo. Portanto, eles ingeriram uma dose maior de PFAS através da água. Ainda assim, a concentração dessas substâncias no sangue deles era menor do que nos camundongos que receberam inulina.
Os pesquisadores avaliam que o estudo reforça a tese de que o consumo de beta-glucano de aveia pode reduzir a exposição do corpo às PFAS.
Quão conclusivo é o estudo em camundongos?
Resultados de experimentos com animais não podem ser aplicados completamente em humanos. No entanto, o estudo com camundongos é mais uma evidência do efeito das fibras sobre as PFAS. Outras pesquisas também mostram que as fibras eliminam as PFAS do corpo mais rapidamente, mesmo em humanos.
Um estudo de larga escala nos EUA envolvendo mais de 6.400 voluntários entre 2005 e 2016 descobriu que o aumento de fibras na dieta reduziu a concentração de três substâncias PFAS no sangue em quase 10%. Um ponto fraco deste estudo é o fato de os próprios participantes terem relatado as quantidades de fibras que consumiram.
Um estudo nos EUA e outro na Dinamarca revelaram que uma dieta rica em vegetais reduziu vários níveis de PFAS no sangue. Resultados semelhantes foram encontrados em pesquisas com feijões, produtos de soja e fibras de frutas. A conclusão é que as fibras podem realmente agir contra as PFAS no corpo, embora esse mecanismo ainda precise ser investigado melhor.
O que fica claro, porém, é que as fibras são boas para a saúde. Elas reduzem os níveis de colesterol, promovem a flora intestinal e têm efeito positivo sobre o açúcar no sangue.