TRIANGULAÇÃO A Justiça investiga contrato de consultoria de Gleisi Hoffmann com empresários que receberam dinheiro de caixa dois para sua campanha (Crédito:Renato Costa)

Depois do deputado Nelson Meureur (PP-PR), o próximo político com foro privilegiado a ser julgado pelo STF será a senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT. Entre as coisas que ela tem que explicar está sua relação com o empresário Ernesto Kugler, réu junto com ela no processo da Lava Jato e acusado de receber R$ 1 milhão em espécie destinado à campanha da petista ao Senado em 2010. Na mesma época em que ele recebeu a propina, a senadora prestou consultoria à Combraseg, uma pequena empresa ligada ao Grupo Luminapar, que tinha Kugler no quadro de sócios. Na ocasião, Gleisi tinha uma empresa de consultoria, a GF Consultoria. A Combraseg pertencia ao empresário Giuseppe Catallini Nappa, que também era dono da Luminapar junto com Kugler.

Remessas

A Combraseg está diretamente associada à Luminapar. De acordo com a delação feita por Alberto Yousseff, Kluger é quem recebeu dinheiro, enviado por emissários do doleiro, para a campanha de Gleisi. O pagamento foi feito em quatro remessas de R$ 250 mil. Uma das entregas de propina em espécie para Gleisi teria sido feita na sede da Luminapar em Curitiba.

Combraseg

A Combraseg informou à Receita Federal ser inicialmente uma empresa que realizava cobranças, além de reparação e manutenção de computadores. Depois, disse fazer manutenção de máquinas industriais. A relação da GF com a Combraseg
e a Luminapar ainda não está totalmente esclarecida. Em nota, Gleisi disse que a denúncia é “caluniosa e equivocada”.

Condenação menor

Já com dois votos nesse sentido, a tendência do STF é de condenar o deputado Nelson Meurer (PP-PR). Ele é o primeiro político com foro julgado pelo STF no âmbito da Lava Jato. Mas, pelos votos dados até agora, a condenação será menor do que desejava o Ministério Público. O MP denunciou Meurer por 269 atos de corrupção e 336 de lavagem de dinheiro. O relator Edson Fachin condenou-o por 31 atos de corrupção e 8 de lavagem.

Rápidas

* Nas conversas no Congresso e no Palácio do Planalto, cresce entre os políticos o uso da expressão “partidos da Lava Jato”. São os partidos que se chamuscaram com as investigações: PT, PP, PMDB e PSDB.

* Como estão entre os principais partidos do país, essa marca explica o fato de a maioria dos eleitores ainda não ter candidato. Tais partidos terão influência no pleito, e podem até vencer. Mas a pecha da Lava Jato os atrapalha.

* O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pegou carona na crise dos combustíveis e na greve dos caminhoneiros, colocando, com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), o Congresso no centro da busca de uma solução.

* Segundo um assessor do presidente da Câmara, foi um passo calculado. “O governo não previu a situação. E hesitou sobre o que fazer, abrindo espaço para Maia”, explicou. “Ficou o buraco. E o poder não admite vácuo”.

Retrato falado

“Não vamos acampar na frente da penitenciária” (Crédito:André Lucas Almeida/Futura Press)

O pré-candidato à presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, usou as redes sociais para comentar a prisão do ex-governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB). “Respeitamos a decisão judicial”, disse ele. Alckmin exaltou a postura do PSDB de acatar a decisão em relação aos inúmeros protestos de petistas após a prisão do ex-presidente Lula. Ainda pela internet, atacou outro pré-candidato à presidência: “Sobre (Jair) Bolsonaro: quem anda para trás é caranguejo. O Brasil não vai regredir”.

O dinheiro sumiu…

Até o dia 31 de dezembro do ano passado, o pequeno município de Santo Antônio do Descoberto (GO) orgulhava-se de virar o ano com as contas no azul. Melhor: ainda tinha em caixa R$ 11,7 milhões para investir em educação. O recurso estava carimbado pelo Fundo de Desenvolvimento da Educação (Fundeb), que depositou numa conta em que somente o prefeito Adolpho Roberto Souza (Pros), poderia autorizar saques. Ao que tudo indica, o prefeito efetivamente sacou. Só não se sabe onde utilizou o dinheiro. Porque não houve construção ou reforma de escolas nem qualquer melhoria na educação do município. O dinheiro simplesmente sumiu.

Toma lá dá cá

Murilo Hidalgo, Diretor Do Instituto Paraná Pesquisas

Com a prisão de Eduardo Azeredo, do PSDB, os principais partidos caíram na Lava Jato. Como isso afeta as eleições?
Os partidos que não têm integrantes envolvidos em esquemas ilícitos podem ter alguma vantagem.

Qual a perspectiva para PT, MDB e PSDB nas eleições deste ano?
Esses partidos levam vantagem por receberem mais recursos do fundo eleitoral. Ao mesmo tempo, estão muito envolvidos com corrupção. Porém, acredito que eles manterão as bancadas.

Há espaço para o crescimento de partidos menores?
Os pequenos vão crescer um pouco, mas não tanto quanto a população imagina.

Caso no MP

A constatação aconteceu durante uma consulta do Sindicato dos Servidores Públicos, que sugeriu que parte dos salários do professores, que estavam atrasados, fosse saldada com o recurso do Fundeb. O vice-prefeito informou, então, que só tinha
R$ 180 mil em caixa. O caso foi parar no MP.

Emparedados

Na quarta-feira (23), os governadores do PT reuniram-se com o alto comando do partido. Entre outras coisas, pediram que fossem amenizadas as exigências de que os aliados dos petistas nos estados tenham de adotar o discurso de defesa de Lula e a narrativa do “golpe”. Os governadores explicaram que isso tem dificultado as alianças.

Beto Barata

Mesmo à esquerda

Os governadores petistas dizem que mesmo com partidos mais à esquerda, como o PSB, é difícil fechar esse compromisso. Com
o MDB, e os partidos mais conservadores, é impossível. E essas alianças vêm sendo tentadas, e são consideradas vitais, em estados como o Ceará, do governador Camilo Santana, o Piauí e Minas Gerais.

Não foi para vice

Suamy Beydoun

Na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chamou o senador Álvaro Dias (PR), candidato do Podemos à Presidência, para uma conversa. E, segundo fontes, não foi para pedir a Álvaro que fosse vice de Geraldo Alckmin, o candidato do PSDB, partido de FHC, atualmente com dificuldades de decolagem…