SÃO PAULO E PEQUIM, 22 JUL (ANSA) – O consulado chinês em Houston, no Texas, foi fechado nesta quinta-feira (22) como forma de “proteger a propriedade intelectual norte-americana e as informações privadas”, informou o Departamento de Estado.
O porta-voz do órgão de governo, Morgan Ortagus, diz que a decisão se baseou no fato da Convenção de Viena afirmar que “diplomatas de Estado devem respeitar as leis e regras do país anfitrião” e que eles “têm o dever de não interferir nos assuntos internos desse Estado”.
No entanto, a China acusa Washington de “uma grave violação das leis internacionais e das normas que dão base às relações internacionais e uma grave violação das medidas relativas aos tratados consulares China-EUA”.
Para o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim, Wang Wenbin, a medida foi uma “provocação” dos EUA “e uma tentativa deliberada de minar as relações” entre as duas nações.
“Há algum tempo, os Estados Unidos atacam e lançam uma campanha difamatória contra a China, criando problemas sem razão aos funcionários dos consulados chineses. É um avanço sem precedentes. Condenamos com força a medida e pedimos aos EUA que corrija imediatamente os seus erros. Do contrário, a China tomará as legítimas e necessárias contramedidas”, acrescentou Wenbin.
Segundo a mídia da cidade texana, os bombeiros e a polícia haviam sido notificados por vizinhos sobre uma suposta queima de documentos no consulado chinês nesta semana. O fogo teria provocado fumaça visível. A polícia confirmou que foi avisada para ir à representação diplomática, mas que os agentes “tiveram o acesso negado para acessar o edifício”.
O fechamento do consulado é mais um episódio da intensa ação do governo norte-americano contra os chineses. Nas últimas semanas, Washington aprovou sanções contra funcionários, empresários e políticos chineses por conta da lei de segurança nacional implantada em Hong Kong, pelas denúncias de abusos contra a minoria uigur em Xinjiang, contra a gigante de tecnologia Huawei e contra veículos de imprensa estatal da China.
Nesta terça-feira (21), o Departamento de Justiça acusou formalmente dois chineses de tentarem roubar dados de projetos de vacina do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e de violar a propriedade intelectual de diversas empresas nos últimos anos.
O próprio presidente dos EUA, Donald Trump, continua a atacar publicamente Pequim em suas redes sociais, especialmente, por conta da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), tendo usado os chineses como justificativa para retirar o país da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Essas ações ocorrem em um momento que o republicano vê suas chances de reeleição despencarem, com o oponente o democrata Joe Biden, liderando todas as pesquisas nacionais. (ANSA)