14/10/2019 - 4:37
Os conservadores nacionalistas que governam a Polônia venceram as eleições legislativas, com 43,59% dos votos – apontam resultados oficiais anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional nesta segunda-feira (14).
Muito popular nas regiões rurais, graças às suas ajudas sociais, o partido Direito e Justiça (PiS) de Jaroslaw Kaczynski conquistou maioria absoluta na Câmara Baixa, com 235 das 460 cadeiras.
O principal partido de oposição, a Coalizão Cívica (KO, centrista), obteve 27,40% dos votos e 134 deputados.
Já a esquerda volta ao Parlamento após quatro anos de ausência. A aliança de esquerda democrática SLD ganhou 49 assentos, com 12,56% dos votos.
A Confederação, uma formação singular de extrema direita antissistema, teve 6,8% e 11 deputados.
No Senado, o PiS perdeu a maioria, ao obter 48 das 100 cadeiras. Segundo analistas, esta mudança significará um certo freio à rápida aplicação das reformas planejadas pelo governo.
– ‘Árduo trabalho’
“Temos pela frente quatro anos de trabalho árduo”, afirmou Kaczynski, no domingo à noite.
“Merecemos mais”, acrescentou o líder do PiS, considerado o homem mais influente da Polônia.
A participação foi de 61,1%, um recorde desde as primeiras eleições de 1989, organizadas ainda segundo o sistema herdado do comunismo.
Entre as cinco listas que devem entrar no Parlamento, algumas são alianças de grupos muito distintos.
“Com muitos jovens novos e corajosos, sem respeito pelos mais velhos, esta será uma ‘Dieta’ (Assembleia) mais clara, mais animada, mais interessante”, aponta Ewa Marciniak, cientista política da Universidade de Varsóvia.
O PiS “tem a maioria absoluta e não precisa de aliados para governar”, declarou à AFP Stanislaw Mocek, reitor da universidade Collegium Civitas.
Mas “não tem uma maioria suficiente para rejeitar um veto presidencial. Desta forma, o desafio para a oposição será apostar nas eleições presidenciais do próximo ano”.
O PiS, que governa a Polônia desde 2015, tentou mobilizar as classes mais desfavorecidas da sociedade rural, com a defesa dos valores familiares contra o que chamou de “ideologia LGTB” e a promessa de mais ajudas, de redução dos impostos e aumento do salário mínimo.
Kaczynski, no entanto, provocou polêmica entre os aliados europeus ao atacar as minorias e criticar os valores liberais ocidentais, com a aprovação tácita da influente Igreja Católica.
Diante deles, a oposição do KO se apoiou nos habitantes das grandes cidades, descontentes com as reformas controversas do PiS, incluindo as do sistema judicial, e pela transformação da mídia pública em máquina de propaganda do governo.
Em sua primeira reação, seu líder, Grzegorz Schetyna, prometeu que o KO venceria as eleições presidenciais de 2020.
Por sua vez, a esquerda, que condenou a campanha anti-LGBT dos conservadores, mas que apoia seu programa social, expressou sua satisfação por ter retornado ao Parlamento.