Conservadores e SPD fecham acordo para governar a Alemanha

Após semanas de negociação, bloco conservador formado por CDU e CSU e os social-democratas do SPD anunciam acordo de coalizão para formar um novo governo federal.A Alemanha deu um passo importante nesta quarta-feira (09/04) para a formação de seu novo governo, que deverá ser liderado pelo conservador Friedrich Merz, da União Democrática Cristã (CDU).

O bloco composto por CDU e seu irmão da Baviera, União Social Cristã (CSU), o mais votado nas eleições parlamentares antecipadas de fevereiro com 28,6%, e o Partido Social Democrata (SPD), do atual chanceler federal Olaf Scholz e terceiro mais votado, com 16,4%, anunciaram em Berlim a conclusão de um acordo de coalizão para formar um novo governo.

O texto do acordo de coalizão agora precisará ser aprovado por um congresso partidário da CDU, pela executiva do CSU e por uma votação entre os filiados ao SPD. Uma vez confirmado pelas três legendas, a expectativa é que Merz seja eleito o novo chanceler federal pelo Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão) no início de maio.

A CDU/CSU e o SPD, somados, têm a maioria da cadeiras do Parlamento (328 do total de 630 assentos). A divisão dos assentos não corresponde exatamente ao porcentual obtido por cada partido pois abrange tanto os eleitos por distritos quanto por votos na legenda.

A agência de notícias alemã DPA reportou, citando pessoas a par da negociação, que a CDU assumirá o Ministério do Exterior, pela primeira vez em quase 60 anos. Já o SPD ficará com os ministérios das Finanças e da Defesa. Detalhes sobre o acordo de coalizão serão apresentados às 15h (10h de Brasília).

A eleição parlamentar antecipada foi realizada após a coalizão anterior que comandava a Alemanha, formada por SPD, Partido Verde e o Partido Liberal Democrático (FDP) ruir em julho passado, devido a disputas sobre como bancar o Orçamento de 2025.

Senso de urgência na formação do novo governo

O novo governo assumirá em um momento de grande turbulência global. As iniciativas e declarações do presidente dos EUA, Donald Trump, apontam para uma aceleração das transformações da ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, e o aumento das tarifas de importação americanas despertou receio de inflação e de uma recessão global.

Ao mesmo tempo, a Alemanha vê o crescimento da ultradireita, cujo partido Alternativa para a Alemanha (AfD) ficou em segundo nas eleições de fevereiro, com 20,8%.

A AfD segue com bom desempenho na preferência dos eleitores, e uma pesquisa Ipsos divulgada nesta quarta-feira colocou a legenda em primeiro lugar, com 25% de apoio entre os alemães, à frente do bloco CDU/CSU, que veio com 24%. É a primeira grande pesquisa de opinião na qual a AfD aparece na frente.

bl/ra (ots)