O Partido Conservador da primeira-ministra britânica, Theresa May, conseguiu nesta sexta-feira (4) resultados melhores que o previsto nas eleições locais na Inglaterra, nas quais a oposição trabalhista conseguiu apenas um avanço limitado.
Destinadas a renovar as autoridades locais, essas eleições são tradicionalmente complicadas para o partido no poder. São as primeiras desde as legislativas de junho de 2017 que custaram para May a maioria absoluta no Parlamento e foram marcadas pela ascensão do Partido Trabalhista de Jeremy Corbyn, a primeira formação de oposição.
De acordo com os resultados disponíveis às 17h30 GMT (14h30 de Brasília), com 149 dos 150 conselhos municipais definidos, os Tories obtinham 1.329 assentos (-29), em comparação com os 2.299 dos trabalhistas de Corbyn (+57).
Mas os conservadores parecem ter conseguido, sobretudo, preservar seus redutos históricos em Londres, que em 2016 votou contra o Brexit, elegeu um prefeito trabalhista, Sadiq Khan, e parecia mais inclinado a se curvar aos trabalhistas.
Os conservadores mantêm os distritos de Westminster e Wandsworth, bem como Kensington e Chelsea, apesar do incêndio da Torre Grenfell em junho de 2017, que deixou 71 mortos e pelo qual são responsabilizados.
– Queda do Ukip –
Ainda melhor. Os conservadores ficaram com Barnet, no norte da capital, que os trabalhistas queriam conquistar. Os eleitores desse distrito, onde vive uma grande comunidade judaica, podem ter sancionado os trabalhistas depois das acusações de que Corbyn teria deixado que o antissemitismo se espalhasse em seu partido.
“Fomos melhor do que o esperado”, reagiu o presidente do Partido Conservador, Brandon Lewis, a Sky News. “O Trabalhista que achava que se impunha em toda Londres por enquanto não ganhou nenhum distrito” adicional, acrescentou.
Mas os conservadores perderam o controle de Trafford, perto de Manchester (noroeste da Inglaterra), e Plymouth, no sudoeste.
Os primeiros resultados também mostraram um fracasso do Ukip, o partido eurofóbico, que perdeu quase todos os seus assentos (-123). A formação perde velocidade desde a decisão dos britânicos de sair da União Europeia no referendo de 2016, privando-a assim de sua razão de ser.
Os liberais democratas conseguiram se impor no distrito de Richmond, no sudoeste de Londres, em detrimento dos conservadores.
Mais de 4.300 cadeiras estavam em jogo na Inglaterra, especialmente nas principais cidades – Londres, Manchester, Leeds e Newcastle.
Alguns desses conselhos, responsáveis por questões como Educação e Gestão de Resíduos, foram completamente renovados, outros apenas um terço ou a metade.
As eleições foram realizadas na quinta-feira, poucos dias após a renúncia da ministra do Interior, Amber Rudd, que caiu pelo escândalo que rodeia o tratamento de imigrantes de origem caribenha chegados ao Reino Unido após a Segunda Guerra Mundial.
O Brexit, previsto para o final de março de 2019, também apareceu como pano de fundo nas eleições locais.