Os conservadores britânicos sofreram um revés nas eleições locais, que culminaram com a reeleição, neste sábado (4), de Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, como prefeito de Londres e colocaram o primeiro-ministro Rishi Sunak contra as cordas, poucos meses antes das eleições nacionais.

Khan foi amplamente reeleito para um terceiro mandato, uma situação sem precedentes na capital britânica, segundo a contagem de votos revelada pela imprensa.

“É a honra da minha vida servir à cidade que amo e me sinto mais do que honrado neste momento”, disse Khan aos apoiadores após conhecer o resultado, acrescentando que se propunha a “retribuir a confiança” dos eleitores e trabalhar por uma capital “mais justa, segura e verde”.

Os primeiros resultados de sexta-feira já apontavam para a maior derrota sofrida em 40 anos nas eleições locais dos conservadores, no poder no Reino Unido há 14 anos.

Além das eleições para eleger vereadores, prefeitos e outros cargos na Inglaterra e no País de Gales, houve eleições legislativas parciais, as quais os trabalhistas venceram, ocupando um novo assento dos conservadores no Palácio de Westminster.

Os conservadores defendiam cerca de mil cadeiras de conselheiros e prefeitos, das quais perderam cerca da metade, de acordo com a publicação de quase todos os resultados dessas eleições, que ocorreram na quinta-feira.

A ampla vitória dos trabalhistas alimenta suas esperanças de ver seu líder, Keir Starmer, em Downing Street após as eleições gerais que Rishi Sunak pretende convocar antes do final do ano.

“Vamos virar a página do declínio e iniciar a renovação nacional com o Partido Trabalhista”, declarou Starmer neste sábado em Mansfield, na região de East Midlands, onde celebrou a eleição da prefeita Clare Ward.

A contagem continua na disputada West Midlands (Birmingham), mas até agora os conservadores têm que se contentar com uma única vitória, a reeleição do prefeito de Tees Valley (leste), Ben Houchen, anunciada na sexta-feira.

Rishi Sunak foi parabenizá-lo, considerando-o um sinal de que os conservadores ainda podem reverter a situação.

Essa vitória demonstra que “os conservadores estão cumprindo sua promessa”, declarou, elogiando o sucesso de vários projetos econômicos e expressando sua confiança de que os eleitores “continuarão sendo leais” nas eleições gerais.

– Londres, a cereja no bolo –

A cereja no bolo para os trabalhistas foi a vitória de Khan em Londres com 43,8% dos votos, frente à conservadora Susan Hall, com 32,7%, uma margem superior à de sua primeira reeleição contra seu rival em 2021.

Esse filho de migrantes paquistaneses e primeiro prefeito muçulmano de Londres, de 53 anos, no cargo desde 2016, supera assim a marca de dois mandatos à frente da capital, que compartilhava com seu antecessor e ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson.

Outro sinal preocupante para Sunak é o surgimento do partido nacionalista e populista Reform UK, fundado pelo pró-Brexit Nigel Farage, que ameaça tirar votos valiosos dos conservadores nas gerais.

No entanto, o cenário também não é perfeito para os trabalhistas, que perderam apoio em comunidades com grande população muçulmana, em um contexto de críticas por sua posição no conflito entre Israel e o Hamas em Gaza.

Segundo John Curtice, professor de Ciências Políticas, os trabalhistas se beneficiaram mais do “desejo [dos eleitores] de derrotar os conservadores” do que do “entusiasmo” por seu partido nessas eleições, onde a participação foi baixa (menos de 30% na maioria das circunscrições).

No entanto, “nada nesses resultados altera a impressão, criada há muito tempo pelas pesquisas, de que os trabalhistas estão a caminho da vitória nas próximas eleições gerais”, acrescentou em sua análise para o jornal The i.

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