24/04/2020 - 17:24
Há quase um ano o Conselho de Segurança da ONU não abordava a situação na Venezuela, mas esta semana Caracas voltou ao debate em duas videoconferências solicitadas por Rússia e Estados Unidos, em meio a uma pandemia que se anuncia devastadora no país, já abalado por uma crise econômica e política.
Na quarta-feira, uma primeira videoconferência fechada à imprensa e pedida por Moscou deu lugar, segundo diplomatas, a um debate tenso sobre o recente envio de navios e aviões militares americanos à América Latina.
Em 1º de abril, Washington anunciou que o presidente Donald Trump tinha ordenado o envio de destróieres, navios de combate e aviões de vigilância adicionais para o comando sul do exército americano, a cargo da América do Sul.
Em uma carta datada de 3 de abril, Caracas denunciou estas mobilizações militares como “ações perigosas dos Estados Unidos que ameaçam a paz e a segurança da Venezuela e do restante da região”.
Os Estados Unidos disseram que as mobilizações militares se devem a uma grande operação antidrogas na região.
Em 26 de março, Washington anunciou a acusação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, perante uma corte federal nova-iorquina por “narcoterrorismo”, aumentando ainda mais a pressão sobre o mandatário socialista.
Como a Rússia se negou a estender a videoconferência da quarta-feira a temas políticos e humanitários na Venezuela, os membros europeus do Conselho de Segurança (Alemanha, Bélgica, França e Estônia) decidiram pedir uma nova reunião sobre o país sul-americano que se realizará na próxima terça-feira a portas fechadas, segundo diplomatas.
“É importante favorecer o acesso humanitário em uma crise que se coloca entre as mais graves”, disse um diplomata ocidental.
Enquanto o líder opositor Juan Guaidó, apoiado pelo Ocidente, se encontra restrito às redes sociais, Maduro, apoiado pela Rússia e pela China, aparece há um mês como o homem forte que orquestra a luta contra o coronavírus na Venezuela.
A última reunião pública do Conselho de Segurança ocorreu há um ano, em abril de 2019, quando o vice-presidente americano Mike Pence viajou para a sede da ONU em Nova York para reivindicar que a organização reconhecesse Guaidó como presidente interino da Venezuela, no lugar de Maduro.