O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta segunda-feira (25), pela primeira vez em cinco meses de guerra, uma resolução que pede um “cessar-fogo imediato” em Gaza, apelo bloqueado várias vezes pelos Estados Unidos, que nesta ocasião se abstiveram.

A resolução, adotada entre aplausos por 14 votos a favor e uma abstenção “exige um cessar-fogo imediato para o mês do Ramadã” que conduza a uma trégua duradoura e “a libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.

“Há cinco meses o povo palestino sofre terrivelmente. Esse banho de sangue se prolongou por muito tempo. Temos a obrigação de terminá-lo. Finalmente o Conselho de Segurança assume as suas responsabilidades”, disse o embaixador da Argélia, Amar Bendjama.

A China, membro permanente do Conselho, anunciou nesta segunda-feira o seu apoio ao novo projeto.

“Esperamos que o Conselho de Segurança o aprove o mais rápido possível e envie um sinal forte para o fim das hostilidades”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, parabenizando “a Argélia e outros países árabes pelo seu trabalho”.

Rússia e China vetaram na sexta-feira um projeto de resolução proposto pelos Estados Unidos, que salientava a “necessidade” de um “cessar-fogo imediato” em Gaza.

A proposta americana vinculava este cessar-fogo à libertação dos reféns capturados pelo Hamas no seu ataque a Israel em 7 de outubro, que desencadeou o atual conflito.

O texto americano não apelava explicitamente a um cessar-fogo imediato e utilizava termos ambíguos, segundo os países árabes, a China e a Rússia.

A resolução aprovada hoje é fruto do trabalho dos membros não permanentes do Conselho, que negociaram ao longo do fim de semana com os Estados Unidos para tentar evitar um novo fracasso, segundo fontes diplomáticas, que manifestaram um certo otimismo quanto ao resultado da votação.

A resposta israelense ao ataque do Hamas deixou pelo menos 32.333 mortos na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista palestino, que governa o enclave.

Segundo Israel, cerca de 130 pessoas das 250 sequestradas ainda são reféns em Gaza, das quais 33 teriam morrido.

Muito dividido há anos sobre a questão israelense-palestina, o Conselho de Segurança adotou apenas duas resoluções desde 7 de outubro, das oito submetidas à votação, embora de caráter essencialmente humanitário.

O chefe da Agência da ONU para os Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, anunciou no domingo que Israel proibiu formalmente a entrega de ajuda humanitária no norte de Gaza.

“Esta decisão é mais um prego no caixão” dos esforços para levar ajuda aos habitantes de Gaza, disse a porta-voz Juliette Touma.

O Exército israelense afirmou lutar contra membros do Hamas nesta segunda-feira em torno de pelo menos dois hospitais na Faixa de Gaza e ter matado mais de 20 combatentes palestinos nas últimas 24 horas.

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