Nesta quinta-feira, 16, Tony Ramos foi hospitalizado no Rio de Janeiro. O ator deu entrada no Hospital Samaritano de Botafogo, zona sul da cidade, para conter um hematoma subdural, uma forma de sangramento intracraniano.

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Segundo o boletim médico divulgado pela unidade hospitalar, Tony Ramos foi submetido a cirurgia e tem estado de saúde estável. Para explicar a condição, a IstoÉ Gente procurou:

  • Dr. Diego Dorim, neurologista com atuação em neurologia vascular e reabilitação neurológica;
  • Dr. João Nicoli, neurologista.

Hematoma subdural: uma forma de sangramento intracraniano

Segundo Dr. Diego, existem diversas formas de sangramento intracraniano, incluindo o Hematoma Subdural Agudo (HSDA). À entrevista, Dr. João explica que a condição é uma emergência neurocirúrgica “com elevada morbilidade e mortalidade”.

Os especialistas destacam que sangramentos intracranianos, incluindo o HSDA, podem ter diversas causas. Dentre elas, vale citar o aumento súbito da pressão arterial, o rompimento de aneurismas e traumatismo craniano.

Condições como tumores e trombose e o uso de alguns medicamentos, como antiagregantes plaquetários e anticoagulantes, também podem levar aos sangramentos intracranianos. Apesar disso, o incidente médico ainda pode acontecer de maneira espontânea e sem causa aparente, principalmente em idosos, cujos vasos sanguíneos são mais frágeis.

“O HSDA espontâneo é mais raro e tem sido associado ao rompimento de vasos superficiais do crânio —mais comum em idosos —, abuso de álcool, doenças que afetam a coagulação e uso de medicamentos muito utilizados para tratamento de condições cardiológicas”, diz o Dr. João.

Principais sintomas

Os especialistas citam dor de cabeça, náuseas, vômitos, perda de força em um lado do corpo, fala embolada, boca torta, alteração da sensibilidade e da consciência, alterações visuais, sonolência, confusão mental, e até mesmo crise convulsiva como sintomas do hematoma subdural. 

“Quando o diagnóstico do hematoma subdural agudo não é feito ou é tardio, a deterioração neurológica progride, resultando em sequelas neurológicas graves ou mortalidade em 30% a 90%. No hematoma subdural agudo espontâneo, o prognóstico é mais favorável do que no traumático”, pontua Dr. João.

Cirurgia

A cirurgia envolve remover o sangue acumulado e solucionar o motivo do sangramento para melhorar a condição clínica do paciente. O procedimento pode ser feito a partir de uma craniotomia (uma abertura maior no crânio) ou de trepanação (pequenos orifícios no crânio).

“No caso dos aneurismas, por exemplo, a cirurgia promove o tratamento destes. Em outras condições, a drenagem do hematoma ajuda a aliviar a pressão intracraniana e reduzir os sintomas e os riscos”, destaca Dr. Diego.

Existe recuperação completa?

Com o auxílio de uma equipe multidisciplinar de reabilitação, é possível que o paciente vítima de uma sangramento intracraniano se recupere totalmente, desde que ele não apresente danos cerebrais extensos. “O prognóstico depende da idade, estado de saúde geral e eficiência no momento do atendimento“, alerta Dr. João.

Apesar disso, não é incomum que restem sequelas como alteração da força e da fala, dificuldade de caminhar, perda visual, dor, alterações da memória, desequilíbrio, dormência e perda da sensibilidade. “Tudo depende do tipo de sangramento, local afetado, tempo até diagnóstico e tratamento”, finaliza Dr. Diego.