26/06/2020 - 0:00
O mês de outubro traz uma oportunidade ótima pra tirarmos dúvidas sobre o câncer de mama. Formas de prevenção, diagnóstico, tratamento… Tudo entra em pauta. É, também, uma boa hora pra você lembrar de marcar os seus exames.
Como você provavelmente deve ter ouvido falar nesses dias de Outubro Rosa, o câncer de mama é o tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil e o segundo mais comum entre elas. atrás apenas do câncer de pele não melanoma- ainda assim, é curável em estágios iniciais. É muito importante, portanto, agir de maneira preventiva.
O que pouca gente sabe é que existe um tipo de câncer de mama que pode ser diagnosticado pelo dermatologista. Chamado Doença de Paget, ele é raro e surge como lesão na região do mamilo e da aréola da mama.
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Convidei Luciano Moro*, mastologista de São Paulo, pra uma conversa sobre esse tema:
Thais Bello: O que é o carcinoma de Paget? O que ele tem em comum e no que se diferencia dos outros tipos de câncer de mama?
Luciano Moro: Doença de Paget é definida pela presença de células malignas (células de Paget) na epiderme da papila mamária, ou seja, na pele do mamilo. Corresponde de 1 a 5% dos casos de câncer de mama e acomete mais frequentemente mulheres acima dos 50 anos.
Em metade dos casos, no momento do diagnóstico, se observa tumor palpável. Além disso, em 85 a 95% dos casos há relação com alguma doença dentro da mama.
Justamente por este dado, a teoria mais aceita para esta doença é de que células malignas da mama migrem pelos ductos da mama para a superfície da pele. Esta forma da doença é pouco comum dentro das apresentações do câncer de mama
TB: Quando devemos suspeitar?
LM: A doença de Paget invariavelmente é unilateral, atingindo então apenas uma das mamas, e se manifesta como uma descamação ou crosta no mamilo associada à saída de secreção através da papila. Pode se estender para a aréola e eventualmente para a pele adjacente. Como mencionado anteriormente, palpa-se tumor associado em metade dos casos. É importante diferenciar de outras doenças benignas da pele, sobretudo os eczemas ou dermatites – que são muito frequentes nas duas mamas –, micoses e outros cânceres da pele.
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O dermatologista pode suspeitar pela falta de resposta ao tratamento e investigar através de uma biópsia da pele acometida. Se a suspeita for de doença de Paget, outros exames são necessários, mesmo se não houver tumor palpável. Em alguns casos, podem ser necessárias novas biópsias ou complementação com ressonância magnética.
TB: Como é o tratamento deste tipo de câncer de mama? O carcinoma de Paget tem cura?
LM: O tratamento da doença de Paget é cirúrgico, através da retirada da aréola e papila acometidas. No entanto, como na grande maioria dos casos existe doença também na mama (chamada carcinoma in situ ou invasivo), na prática o que se realiza é a ressecção deste câncer mamário juntamente com a doença da aréola e papila (quadrantectomia central ou mastectomia, a depender do tamanho do tumor e da mama ou da multiplicidade de lesões na mama).
A indicação de radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia seguem os mesmos critérios utilizados para outras formas de câncer de mama e são baseados nas características e informações destes tumores associados. Um aspecto muito relevante na doença de Paget é que em 80% das vezes o tumor expressa uma proteína (HER 2) que indicaria um tratamento chamado “terapia alvo” (imunoterapia). Portanto, o prognóstico da doença está diretamente relacionado à presença ou não de tumor mamário associado e ao estágio do mesmo.
Juntas no Outubro Rosa
O Outubro Rosa está apenas começando. Aproveitemos este mês para buscar boa informação e lembrar às mulheres queridas que é importante se cuidarem.
Para as que conhecemos, que venceram ou que estão na luta, é um bom momento para dizermos que ESTAMOS JUNTAS!
Se quiser continuar nossa conversa, fica à vontade pra me seguir e escrever pelo Instagram @drathaisbello.
Na próxima, falaremos mais um pouco sobre a pele e o câncer de mama. Chame as amigas!
Beijo grande!
*Thais Bello é médica dermatologista, formada pela Faculdade de Medicina da USP, com residência médica no Hospital das Clínicas (USP) e mestrado em Oncologia pelo Hospital do Câncer (A.C Camargo), em São Paulo.
*Dr Luciano Moro é médico mastologista no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e na Clinica Zena Saúde da Mulher, em SP.