ROMA, 23 SET (ANSA) – As eleições do próximo domingo (25) na Itália colocam diversas visões de governo em votação – com diferenças significativas em pontos que permeiam a vida cotidiana dos cidadãos nos últimos anos.   

O pleito chega com o favoritismo do bloco de centro-direita, formado pelos extrema-direita Irmãos da Itália (FdI) e Liga e pelo conservador Força Itália (FI).   

Considerando só os partidos, o centro-esquerda Partido Democrático (PD) aparece na segunda posição. Com menos força, mas ainda podendo ter um percentual acima dos 10%, está o populista Movimento 5 Estrelas (M5S).   

Dos poucos pontos de convergência entre os principais partidos, está a permanência na União Europeia – nesse caso com alguns pontos de divergência no sentido da influência do bloco nas políticas do país – e com os países da Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Também há o apoio constante, ao menos no discurso público, à Ucrânia na guerra iniciada pela Rússia.   

Todas as siglas também defendem, com diferenças de abordagem, um apoio maior às famílias e às empresas italianas em meio às crises energética e inflacionária por conta da guerra e um maior incentivo aos jovens no mercado de trabalho.   

Mas as semelhanças, especialmente entre a centro-direita e o PD, param por aí. No caso da migração, por exemplo, as visões são completamente opostas.   

A centro-direita, apesar de ter divergências entre si, defende o bloqueio naval dos estrangeiros que tentam chegar pelo Mar Mediterrâneo e a criação dos chamados ‘hubs’ em países terceiros para que aqueles que queiram pedir asilo na Itália esperem fora do território nacional.   

Já o PD e o M5S – bem como os centristas Itália Viva (IV) e Ação que formam o grupo “terceira via” – defendem o acolhimento como está sendo feito nos últimos anos.   

Além disso, a centro-esquerda e os populistas são favoráveis aos projetos de concessão de cidadania a menores de idade que moram há bastante tempo na Itália, em textos que estão bloqueados no Parlamento por conta da direita.   

Outro ponto de total desacordo é o projeto desejado especialmente pelo FdI, mas que foi incluído no plano de governo do bloco, com a mudança constitucional para fazer com que a Itália tenha o sistema de presidencialismo. Atualmente, é o Parlamento quem indica o chefe de Estado para um mandato de sete anos. O projeto não tem nenhum apoio dos adversários políticos.   

Nas questões energéticas, também há grandes diferenças entre os grupos políticos. O bloco liderado por Giorgia Meloni, Matteo Salvini e Silvio Berlusconi defende o aumento do uso da energia nuclear, da regaseificação – processo converte gás natural liquefeito em gás natural à temperatura atmosférica, mas que consome muita água no procedimento – e as usinas de energia de resíduos.   

Por sua vez, o PD é contrário à construção das usinas de regaseificação e quer apostar cada vez mais nas plantas de energia renováveis. O M5S tem proposta semelhante, mas é contrário às usinas de resíduos – inclusive, a construção de uma dessas unidades em Roma foi a justificativa para o partido não votar a confiança em um projeto do premiê Mario Draghi, o que levou à queda do governo.   

Na economia, também há diferenças significativas. A centro-direita defende a ampliação da chamada “flat tax”, a redução das alíquotas do imposto de renda, para empregados de empresas. No entanto, Salvini quer a alíquota em 15% e Berlusconi em 23%.   

O PD foca seu projeto político em uma reforma total do Imposto de Renda das Pessoas Físicas (Irpef) e a paridade salarial entre homens e mulheres. O M5S é o principal defensor de um salário mínimo nacional e de aumentar ajudas para famílias e empresas vindas do governo.   

Conforme as últimas pesquisas eleitorais, publicadas em 9 de setembro por conta da legislação nacional, o FdI tem entre 24,6% e 25,3% das intenções de voto; o PD aparece com 20,5% a 22,4%; a Liga tem 12% a 13,3%; o M5S tem entre 13,3% e 14,5%; e o FI tem 7,2% e 8%. (ANSA).