SÃO PAULO, 17 DEZ (ANSA) – O Natal italiano leva às mesas doces deliciosos, que mudam de região para região, baseados nas tradições e sabores locais. As matérias-primas tendem à produção territorial e as receitas recordam antigas histórias populares.   

Em Trentino-Alto Ádige, localizada na fronteira, a cozinha é da Europa Central mas sofre grandes influências de Vêneto, e o doce típico italiano da região vem a ser o “Weihnachtsstollen”, feito com frutas cristalizadas e rum.   

Já nos vales de Friuli se saboreia a “gubana”, doce com massa fementada e recheada de nozes, amêndoas, pinhão e uva-passa, aromatizada com grappa e marsala.   

No Vêneto, o doce de natal mais famoso é o “pandoro”, de Verona, onde também se produz o “nadalin”, pão adocicado macio em formato de estrela.   

Na região da Lombardia, reina o panetone, já que ele foi criado em Milão, enquanto em Cremona, além da “sbrisolona”, uma torta que parece um gigante biscoito de amêndoas, os doces a base de torrone são muito consumidos, pela valorização desse produto na região, que recebe anualmente um grande festival dedicado a ele.   

No Piemonte, não pode faltar o “tronchetto di Natale”, doce nascido de uma antiga lenda, na qual a lenha de madeira deveria queimar lentamente na chaminé para trazer sorte. Os ingredientes são creme de castanhas e chocolate, unidos por ovo, manteiga, queijo mascarpone e chantily.   

Já no Vale d’Osta, o pão doce típico das festividades é a “micooula”, preparada com trigo e centeio, além de castanhas, figos secos e uva-passa.   

Na Ligúria, o pão doce genovês atravessou continentes, conquistandos os Estados Unidos com o nome de “genoa cake”, um doce com forma de cúpula em uma deliciosa massa de uva-passa, pinhão e cheio de laranjas cristalizadas.   

Na Emília-Romanha, o destaque é dado à “spongata”, torta natalina assada na manteiga, que prevê ainda mel, temperos, frutas secas, cristalizadas, ou cozidas na geleia.   

Na Toscana, a antiga receita do “panforte”, de Siena, vem rica de frutas cristalizadas, e também assim são feitas as “pagnottelle”, que contam com figo seco, uva-passa, pinhão, nozes e amêndoas.   

Na Úmbria, o “torciglione”, doce redondo com base de amêndoas, sobressai, enquanto no Lazio se degusta o “pangiallo romano”, doce antiguíssimo consumido durante o solstício de inverno.   

Nas mesas de Molise aparecem os “calciuni”, raviole doce recheado de castanha e chocolate meio-amargo, enquanto na Puglia têm destaque as “cartellate”, pasta doce frita e cocrante, enrolada como se fosse um cesto, finalizada com mel e canela.   

Na Campânia, o Natal vê na mesa os “struffoli”, deliciosas bolinhas de pasta doce frita, envolvidas em mel quente. Já na Calábria, não podem faltar os “mostaccioli”, doce a base de uva-passa, citrino, figo, fruta seca, vinho e mel. A Sicília prepara o “buccellato”, um antigo doce em forma de rosca, recheado de frutas cristalizadas.   

Na Sardenha, triunfa o pão em infinitas versões, mas, sobretudo, aquele de sapa, a base de mosto de uva cozido lentamente e enfeitado com nozes, amêndoas, uva passa e raspas de limão.   

Muitos desses doces entraram para a história da cozinha italiana e internacional, sendo que alguns ainda receberam um espaço importante nas feiras e nos museus, que recontam as histórias, enriquecidas de lendas, mas dignas de serem conhecidas. Dessas delícias, o panetone, o mais famoso em todo o mundo, que nasceu em Milão, como pão enriquecido de fermento, mel e uva seca, tem grande culpa no sucesso italiano. (ANSA)