Sem Charles do Bronxs e Paulo Borrachinha, que foram cortados do card principal do UFC 294 por lesão, apenas um atleta irá defender o País neste sábado, em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos. Johnny Walker, 31 anos, ganhou as redes sociais em 2023 e o suporte de Dana White. Carismático, se diz “autêntico” e está próximo de ter sua primeira disputa pelo cinturão dos meio-pesados, caso vença o russo Magomed Ankalaev.

Johnny, como é mais conhecido, está no Ultimate Fighting Championship (UFC) desde 2018, quando foi contratado após exibição no Contender Series do Dana White. Hoje na Irlanda, começou sua vida no Rio de Janeiro. Nascido em Belford Roxo, se mudou para Tinguá, bairro no município de Nova Iguaçu, na região da Baixada Fluminense. “Morava com a minha mãe e meu padrasto, muitas vezes de favor”, conta o lutador ao Estadão. “Ia para a rua catar lixo para vender e conseguir comer.”

O nome do lutador é curioso e lembra a marca famosa de uísque. A origem, no entanto, não tem nada a ver com a bebida alcoólica. “Nem eu mesmo sei como aconteceu”, brinca. Ainda no Brasil, Johnny estudou Engenharia Química por um tempo, mas não chegou a concluir o curso. O interesse pelas artes marciais, que começou aos 17 anos, fez com que ele não tivesse tempo para os estudos. Do Rio, se mudou para Curitiba e depois para Escócia, onde investiu na sua carreira e ganhou o apelido.

Walker Johnny, seu nome de batismo, se inverteu durante sua carreira na Grã-Bretanha. “O pessoal não entendia direito como funcionam os nomes no Brasil e pensavam que meu nome era ‘Johnny’. De tanto me chamarem de ‘Johnny Walker’, o apelido ficou.” A marca homônima de uísque nunca entrou em contato com o atleta, para alguma ação promocional ou campanha publicitária. “Quando eu ganhar o cinturão, eles virão”, afirma, confiante.

Para isso, o lutador precisa primeiro derrotar Ankalaev neste sábado. Em 2023, são duas vitórias e nenhuma derrota – contra Paul Craig e Anthony Smith. O russo é o número 2 no ranking dos meio-pesados. Quem vencer, deve lutar pelo cinturão do UFC. Jamahal Hill, atual campeão, abriu mão do título após lesão no ombro – Jiri Procházka e Alex Poatan duelam pelo título no UFC 295, em 11 de novembro.

“Estou colhendo tudo que eu plantei. São dez anos no MMA, cinco no UFC e três na Irlanda em que eu venho me dedicando todos os dias para chegar até aqui”, afirma. “Tinha que ser, tudo no tempo certo.”

Em Abu Dabi, Johnny será o único brasileiro no card principal – Bruno Blindado compete no card preliminar também. Ele conversou brevemente com Do Bronxs após o compatriota se retirar do evento com uma lesão no supercílio. “Trocamos uma ideia rápida, desejei muita força para ele.”

Contra Ankalaev, vai confiante. “Estou animado, contra o segundo melhor lutador. Apago a luz onde a minha mão toca. Já aprendi muito na derrota, quero aprender agora na vitória”, diz. Para ele, superação é a palavra que melhor define sua trajetória. “Se perder, volto para academia. Tudo isso acontece. Vou aceitar, engolir seco e treinar mais.”

Confira a programação do UFC 294:

CARD PRINCIPAL – 15 horas no UFC Fight Pass

Cinturão peso-leve (até 70,3 Kg): Islam Makhachev x Alexander Volkanovski

Peso-médio (até 83,9 Kg): Kamaru Usman x Khamzat Chimaev

Peso meio-pesado (até 92,9 Kg): Magomed Ankalaev x Johnny Walker

Peso-médio (até 83,9 Kg): Ikram Aliskerov x Warlley Alves

Peso-galo (até 61,2 Kg): Said Nurmagomedov x Muin Gafurov

CARD PRELIMINAR – 11 horas da manhã no UFC Fight Pass

Peso-mosca (até 56,7 Kg): Tim Elliott x Muhammad Mokaev

Peso-leve (até 70,3 Kg): Mohammad Yahya x Trevor Peek

Peso-galo (até 61,2 Kg): Javid Basharat x Victor Henry

Peso-médio (até 83,9 Kg): Abu Azaitar x Sedriques Dumas

Peso-leve (até 70,3 Kg): Mike Breeden x Anshul Jubli

Peso-pena (até 65,7 Kg): Nathaniel Wood x Muhammad Naimov

Peso-palha (até 52,1 Kg): Viktoriia Dudakova x Jihn Yu Frey

Peso-médio (até 83,9 Kg): Shara Magomedov x Bruno “Blindado” Silva