“Jia Jia” é capaz de manter uma conversa simples e executar surpreendentes gestos femininos. E seu orgulhoso criador está convencido: estes insólitos ciborgues são os precursores de uma China povoada de robôs a serviço do homem.

Considerado o primeiro androide chinês, Jia Jia foi revelada no ano passado por engenheiros da Universidade de Ciência e Tecnologia da China.

O chefe da equipe de pesquisadores, Chen Xiaoping, apresentou-se na segunda-feira como um pai orgulhoso na exibição do protótipo durante uma conferência do banco suíço UBS, organizada no distrito financeiro de Xangai (leste).

Dentro de uma década, disse ele, os robôs com inteligência artificial como Jia Jia vão poder executar tarefas em restaurantes, casas de repouso ou hospitais chineses.

“Em 5 ou 10 anos, os robôs estarão em alta demanda na China”, assegura Chen.

Com longos cabelos negros e usando um vestido tradicional chinês, Jia Jia se parece com um ser humano. Mas o seu encanto tem seus limites e algumas questões ainda a deixam sem palavras.

Ela fala sem hesitar sobre a previsão do tempo para o dia e conversa com facilidade com seu interlocutor, o qual pode identificar pelo sexo – masculino ou feminino.

“Você é um homem encantador”, diz, sedutora, a um visitante. Perguntada se tem um namorado, ela diz que “prefere permanecer solteira”.

Os avanços em matéria de inteligência artificial são rápidos e muitos produtos do gênero capturaram a atenção do público na semana passada no salão eletrônico CES em Las Vegas, nos Estados Unidos: reprodução de música controlada por voz, por exemplo, e até mesmo robôs capazes de “aprender”, acessando informações na nuvem (‘cloud’).

Se Jia Jia ainda não chegou lá, seu inventor Chen vê um futuro brilhante para seus sucessores.

Segundo ele, com o desenvolvimento econômico, muitos dos jovens chineses vão dispensar empregos de serventes, e o envelhecimento da população vai exigir nos hospitais e asilos uma maior força de trabalho, ainda que não humana.

Mas Chen Xiaoping acalma os temores de um mundo dominado por robôs super-inteligentes.

“A partir do momento em que tudo isso é feito de forma gradual e sob controle, eu não acho que terá uma grande influência sobre a sociedade. Isso não vai ser prejudicial para a espécie humana”, diz ele.