Aposentado da TV e longe dos holofotes, o ex-autor de novelas da Globo Manoel Carlos, de 91 anos, passou seu legado para filha, a atriz Júlia Almeida, que revelou que pai foi diagnosticado com Parkinson há seis anos. A doença, mesmo que sem cura, tem tratamento.

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“Olha, (receber o diagnóstico) nunca é bom, né? Mas é uma doença que é tratável. Ele está muito bem assessorado por médicos e tem acompanhantes. Está sendo cuidado direitinho, tem minha mãe ao lado dele. Eles são casados há 50 e tantos anos, acho lindo esse relacionamento. Ela se aposentou junto com ele”, disse Júlia, em entrevista à Coluna Play, do Jornal O Globo.

Ela ainda contou que sempre dá todo o auxílio ao pai e que sempre vai vê-lo. “Meu pai gosta de ouvir música clássica, faz fisioterapia. Vive lá no universo dele junto com a minha mãe. Faz os exames dele, gosta de ler jornal e pegar sol olhando o Cristo (Redentor). O que ele quer mesmo é que o trabalho dele continue para as outras gerações. Eu entendi o que foi passado para mim”, descreveu.

Após o diagnóstico de Manoel Carlos, Júlia Almeida ficou com a missão de organizar o legado do autor de novelas, que tem inúmeros trabalhos com a produtora Boa Palavra, criada por ele e por sua esposa, Elisabety.

“No começo do ano passado, meu pai sentou comigo e explicou que estava aposentado, minha mãe também. Ele quis as coisas dele organizadas. Estava uma bagunça. Fui criada vendo meu pai e minha mãe trabalhando juntos, como parceiros, criando e construindo esse legado. Não só os que já viram, porque tem muita coisa nova, e fazer com que a nova geração tenha acesso à marca do Manoel Carlos”, finalizou Júlia.

A última novela de Manoel Carlos foi “Em Família”, que ficou no ar entre fevereiro e julho de 2014.

Parkinson

Em junho de 2022, a nossa reportagem conversou com o médico Wanderley Cerqueira de Lima, que é neurocirurgião do Hospital Israelita Albert Einstein, que explicou tudo sobre a doença, que além de Manoel Carlos – também acometeu a jornalista ‘Fantástico’ Renata Capucci, diagnósticada com Parkinson em 2018.

“Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa e de evolução progressiva que ataca o sistema nervoso central. Sua causa é indefinida, embora fatores genéticos e ambientais podem ser determinantes como remédios para o tratamento de distúrbios psíquicos (principalmente o remédio Aldol), agrotóxicos e outras substâncias químicas. A doença acomete com maior frequência os homens, do que as mulheres e, geralmente, surge após os 50 anos de idade. Mas também pode surgir em outras faixas etárias. Parkinson precoce pode ocorrer entre entre os 40/50 anos”, começou o médico.

“O paciente apresenta manifestações motoras e não-motoras e a demência pode surgir em 5 ou mais anos após o início dos sintomas. Como não há cura, o tratamento é feito à base de medicamentos que buscam reduzir a progressão da doença”.

“No caso da jornalista Renata Caputti, ela cita que não percebia que estava mancando e depois o marido percebeu seu braço rígido. Isso pode acontecer,e é, especialmente, importante ficar atento a qualquer situação diferente nas manifestações de tremores, e rigidez no corpo”, continuou Wanderley Cerqueira.

Manifestações da doença de Parkinson

  • Tremores;
  • Rigidez muscular;
  • Diminuição dos movimentos;
  • Alterações da postura e do equilíbrio.

Sintomas não motores:

  • Disfunções autonômicas (hipotensão postural, sintomas gastrointestinais, constipação, problemas urinários, disfunção sexual);
  • Psicose;
  • Apatia, depressão, ansiedade,alguns transtornos do humor;
  • Distúrbios do sono.

O Parkison pode ser uni ou bilateral e o paciente também apresenta movimentos finos dos dedos das mãos, que aparenta contar moedas ou enrolar pílulas; tem rigidez muscular, diminuição dos gestos faciais, dificuldade para engolir e tem lentidão ao caminhar.

Nos núcleos da base do encéfalo há uma diminuição do neurotransmissor chamado Dopamina, substância indispensável para o bom funcionamento do cérebro, e que atua no controle dos movimentos, memória e da sensação de prazer.

O diagnóstico é clínico, com o históricodo paciente e também e o exame neurológico, como a ressonância magnética do encéfalo, que irá auxiliar no diagnóstico já que não existe um exame especifico para a doença.

Tratamento

O tratamento é individualizado e usa-se a droga levodopa em todas as fases da doença. Outros tratamentos incluem: antidepressivos e para constipação intestinal. É importante fisioterapia e fonoaudiologia, terapia ocupacional e suporte psicológico eapoio familiar.

Quando os pacientes apresentam tremores que não respondem aos medicamentos, ou têm intolerância aos mesmos, o tratamento neurocirúrgico é realizado com o implante de eletrodo cerebral profundo, conectado a um marca-passo. É bom frisar que pacientes que têm demência e depressão grave, não podem implantar o eletrodo. O prognóstico da DP é progressivo e não há prevenção.

O neurocirurgião finalizou dizendo que atualmente existem pesquisas promissoras para a doença e é sempre uma esperança. Estima-se que 1% da população mundial tenha o diagnóstico. Só no Brasil, cerca de 200 mil pessoas sofrem com o problema.