08/03/2024 - 16:17
Ao menos 100 crianças participaram de uma leitura feita por um menino brasileiro de oito anos em Londres, no Reino Unido, durante a quinta-feira, 7, Dia do Livro no país europeu. Noah Faria, diagnosticado com Autismo e TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), é autor de uma obra infantil intitulada de “The Fizzy Brain” (Um Cérebro Efervescente – em tradução literal) e foi convidado pela unidade de ensino a se apresentar.
O livro foi escrito após uma campanha de arrecadação na internet e feito com a ajuda da mãe de Noah, Renata Formoso. A obra traz rimas que buscam conscientizar as pessoas sobre a neuro divergência e mostrar como o garoto se sente em relação aos seus diagnósticos.
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Em entrevista, Noah Faria e Renata Formoso explicaram qual a importância de tais eventos e do livro The Fizzy Brain. “É porque pode ser que uma das pessoas lá tenha TDAH ou autismo que nem eu”, afirma o menino, que tem o intuito de mostrar a quem tem alguma neuro divergência que isso não é estranho. “É para pessoas que acham que são sozinhas e não são, existem milhões de pessoas assim”, afirma.
Diagnóstico de autismo e TDAH
Noah foi diagnosticado com autismo aos cinco anos de idade e com TDAH aos sete. “Quando ele tinha três, a professora da creche entrou em contato comigo para falar que estava percebendo algumas coisas e que ele precisava ser encaminhado a um neuropediatra”, conta Renata Formoso, explicando que a pandemia da Covid-19 atrasou a análise clínica do garoto por dois anos.
Mesmo com o diagnóstico de autismo, Noah era “penalizado” na escola, já que não conseguia se manter concentrado na hora do “Carpet Time”, momento em que as crianças sentam em um tapete para aprender.
“Todo dia que eu chegava na escola ele dizia que tinha perdido cinco minutos de brincadeira porque não conseguia ficar parado. Eu comecei a me sentir mal de saber que ele estava sendo penalizado por uma coisa que ele não tinha controle”, disse a mãe.
Após passar por testes e ter o TDAH confirmado, a escola passou a ter uma postura mais flexível quanto ao menino, dando brinquedos para Noah, como uma massinha.
The Fizzy Brain
A ideia da obra infantil começou quando Noah e Renata estavam indo ao parque enquanto conversavam sobre o TDAH, antes de decidirem brincar de fazer rimas. “Então minha mãe teve essa ideia brilhante de fazer um livro”, esclarece o menino.
O livro foi feito a partir de um projeto de financiamento coletivo no site Kickstarter ao longo do ano passado. Toda a obra é ilustrada pela artista Emi Webber, uma designer britânica que também é neurodivergente.
Apesar de ainda não ter uma edição disponível em português, Renata Formoso reitera que está esperançosa com as possibilidades de lançar a obra ainda este ano. “É difícil conseguir lançar no Brasil sendo que não estou lá, mas quero muito, tenho ele traduzido já”, esclarece.
A mãe relata que além de ser importante para as crianças com autismo e TDAH, também é relevante para aqueles que não são neurodivergentes entenderem melhor os amigos que são e se respeitarem. “Recebemos a mensagem de um menino de Nova York que leu o livro e entendeu como a cabeça de um neurodivergente funciona”, comenta Renata Formoso.
Palestras em escolas
Renata Formoso explica que a primeira apresentação feita por Noah aconteceu na própria escola que ele frequenta, com a presença de 300 crianças. No Dia do Livro no Reino Unido, celebrado nesta quinta-feira, 7, o menino foi convidado como autor para dar uma palestra em uma escola.
Na ocasião, as crianças costumam ir às unidades de ensino vestidas de personagens da literatura. “Já tivemos que negar algumas (palestras) porque não queremos impactar a rotina dele, queremos que seja uma coisa saudável, leve e divertida. Tem dias que ele não está afim”, conta a mãe, acrescentando que a opinião de Noah é muito importante e que ele só participa de tais eventos se quiser.
Agora, Noah é esperado para fazer uma exposição de conscientização ao autismo na Battersea Power Station, uma antiga usina elétrica de Londres que foi abandonada e transformada em um centro artístico. O local já foi capa do álbum Animals, do Pink Floyd.
**Estagiário sob supervisão