A Copa do Mundo feminina começa na quinta-feira na Austrália e na Nova Zelândia e, além da chance de conquistarem o troféu mais importante do esporte, as jogadoras das 32 seleções entram em campo na briga por um cobiçado prêmio individual: a Bola de Ouro. Serão 736 atletas na disputa da premiação entregue pela Fifa para a melhor da competição.

Se depender do histórico, as americanas aparecem como as principais favoritas pelo quarto troféu. Em oito Copas até o momento, elas faturaram a Bola de Ouro por três vezes com as atacantes Carin Gabarra, em 1991, Carli Lloyd, em 2015, e Megan Rapinoe, em 2019.

Rapinoe, aliás, está muito motivada e promete um Mundial inesquecível. Aos 38 anos, a americana já anunciou que vai se aposentar no final da temporada. Quatro anos antes de chegar à Oceania, ela já havia levado o prêmio de melhor jogadora, com seis gols e três assistências. Na atual edição, ela tenta repetir o feito, o que a colocaria isolada na prateleira como a única jogadora a conquistar este prêmio por duas vezes. No masculino, apenas o atacante argentino Lionel Messi conseguiu tal feito ao ser eleito o melhor nas Copas de 2014, no Brasil, e de 2022, no Catar.

Mas a briga para que ela seja a melhor do Mundial promete se estender às suas companheiras de seleção. Alex Morgan, 34, também chega forte para esta disputa. Em 2019, a atacante marcou os mesmos seis gols de Rapinoe, mas foi preterida na escolha de melhor da competição. Ela se destaca pelas boas arrancadas e costuma ser letal quando recebe a bola em velocidade dentro da área, mostrando bom poder de finalização.

As veteranas terão a concorrência das garotas prodígio Sophia Smith, 22, e Trinity Rodman, 21, filha da lenda do basquete Denis Rodman. Ambas disputarão o seu primeiro Mundial.

ALEXIA PUTELLAS

Ninguém chega com mais representantes para beliscar a Bola de Ouro do que as seleções europeias. Maior estrela do futebol feminino na atualidade, Alexia Putellas, 29, faturou os prêmios Bola de Ouro, da revista France Football, e The Best da Fifa, nos últimos dois anos.

A estrela espanhola terá a dura tarefa de conduzir as espanholas a uma campanha de prestígio no cenário mundial e, com isso, ter chance de faturar a premiação individual. Potência no futebol feminino de clubes com uma liga espanhola expressiva, Putellas é destaque do Barcelona, time atual campeão espanhol e finalista das últimas três edições da Liga dos Campeões, faturando a taça duas vezes. Agora tenta fazer com que a seleção principal alce voos maiores e repita os feitos da base, que em 2022, foi bicampeã mundial sub-17 e levou o inédito título no sub-20.

Recentemente Putellas recuperou-se de uma grave lesão: rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo, durante treino de preparação para a Eurocopa de 2022, na Inglaterra. Voltou aos gramados este ano no final de abril. “O aspecto físico, psicológico, o desempenho da equipe, além das estatísticas, é levado em consideração na hora de definir uma Bola de Ouro. Todos esses elementos estão integrados. Mas o que vai fazer realmente a diferença para o sucesso é o quanto a jogadora mentalmente está preparada. Dentro dessa pirâmide o ponto final é a parte mental, o equilíbrio, concentração e nível emocional sob pressão. Isso faz toda a diferença para o coletivo e o desempenho individual”, afirmou Sandro Orlandelli, diretor-técnico de futebol, com passagens por Arsenal, Manchester United, Internacional e seleção brasileira.

Com o status de campeã europeia, a Inglaterra vai colocar algumas de suas principais estrelas na briga pelo prêmio individual dado pela Fifa. Entre elas a goleira Mary Earps, de 30 anos, e a zagueira Lucy Bronze, de 31. Atenção especial para as atacantes Lauren James, de 21 anos, e Chloe Kelly, de 25.

Na seleção francesa, a experiente atacante Eugenie Le Sommer, de 34, surge como um dos principais destaques, da mesma maneira que a atacante norueguesa Ada Hegerberg, eleita a melhor do mundo no prêmio The Best da Fifa, em 2018.

A Alemanha, atual vice-campeã da Eurocopa e bicampeã mundial (2003 e 2007), não fica para trás. Nomes como os da goleira Merle Frohms (28), da defensora Kathrin Hendrich (31), das meio-campistas Lena Oberdorf (21) e Lina Magull (28) e da atacante Alexandra Popp (32), todas destaques individuais em suas posições, garantem para a equipe equilíbrio coletivo.

Capitã do time, a atacante Popp é vista como uma guerreira pelas companheiras, já que não costuma se esconder e nem tirar o pé de nenhuma dividida. O jogo aéreo e o faro de gol são seus principais trunfos. Na Euro de 2022, se tornou a primeira jogadora a marcar ao menos um gol em cada jogo da fase de grupos, das quartas e das semifinais. Uma lesão, contudo, a tirou da decisão e as companheiras sucumbiram na Finalíssima para as inglesas.

MARTA JÁ LEVOU O PRÊMIO

No Mundial disputado na Alemanha, em 2007, a meia-atacante Marta conseguiu faturar o prêmio. A veterana, de 37 anos, chega para a sua sexta disputa, mas não deve figurar entre as titulares da técnica sueca Pia Sundhage. Pela seleção brasileira, Geyse, do Barcelona, vem de uma boa temporada e pode brigar pelo prêmio. Duda Sampaio, do Corinthians, é outra com chance de surpreender.

Na seleção australiana, uma das anfitriãs da Copa, o destaque é Sam Kerr. Com apenas 1,68 metro, ela é considerada uma das melhores cabeceadoras do mundo. “Não há mulher que tenha a astúcia para finalizar cruzamentos e cabecear como ela”, elogiou Elise Kellond-Knight, sua companheira na seleção. Aos 29 anos, Kerr figura constantemente entre as dez melhores jogadoras da Fifa.

Além disso, Kerr está em um seleto grupo que conta com apenas três nomes que marcaram mais de três gols em uma partida de Copa do Mundo. Ela fez quatro contra a Jamaica há quatro anos. As americanas Michelle Akers e Alex Morgan marcaram cinco vezes cada uma contra Taiwan, em 1991, e Tailândia, em 2019, respectivamente.

Em seleções menos expressivas, outras atletas também já figuraram no quadro de melhor jogadora. As asiáticas Wen Sun, da China, e a japonesa Homare Sawa, em 2011, faturaram a Bola de Ouro do torneio e potencializaram o resultado final de suas seleções.

O trio Khadija Shaw, 26, Asisat Oshoala, 28, e Ghizlane Chebbak, 32, busca se inspirar tanto em Sun como em Sawa para conduzir suas seleções para campanhas históricas.

Representando a América Central, a jamaicana Khadija Shaw é artilheira nata. Ela vem de uma temporada grandiosa pelo Manchester City. As atuações na Women’s Super League, o Campeonato Inglês feminino, a colocaram na vice artilharia do campeonato com 20 gols em 22 jogos. Além disso, ela também deu sete assistências.

Duas africanas também merecem atenção especial e querem fazer história. Uma é a atacante nigeriana Asisat Oshoala. Será sua terceira Copa do Mundo e ela deve apostar na experiência. Campeã da Liga dos Campeões em 2021 e 2023, pelo Barcelona, ela acumula cinco prêmios de melhor jogadora da África: 2014, 2016, 2017, 2019 e 2022. A outra é a marroquina Ghizlane Chebbak que tem tido boas performances por sua seleção e foi eleita a melhor jogadora da Copa Africana de Nações Feminina de 2022, conduzindo a sua seleção ao vice-campeonato.

Confira as principais concorrentes ao prêmio de melhor da Copa do Mundo:

Alemanha: Alexandra Popp, Jule Brand, Kathrin Hendrich, Lena Oberdorf, Lina Magull e Merle Frohms

Austrália: Sam Kerr

Brasil: Geyse e Duda Sampaio

Espanha: Alexia Putellas

Estados Unidos: Alex Morgan, Megan Rapinoe, Sophia Smith e Trinity Rodman

França: Eugenie Le Sommer

Inglaterra: Alessia Russo, Lauren James, Mary Earps, Lucy Bronze e Chloe Kelly

Jamaica: Khadija Shaw

Marrocos: Ghizlane Chebbak

Nigéria: Asisat Oshoala