Conheça a história do milagre atribuído a Carlo Acutis no Brasil

SÃO PAULO, 4 SET (ANSA) – Por Lucas Rizzi – “Santo millennial”, padroeiro da internet”, “influenciador de Deus”: são muitos os epítetos usados ao longo dos últimos anos para definir Carlo Acutis, beato italiano que será canonizado pelo papa Leão XIV no próximo domingo (7) e cuja história de devoção está intimamente ligada ao Brasil.   

Foi em uma capela de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, que um milagre atribuído ao jovem de 15 anos, morto devido a uma leucemia fulminante em 12 de outubro de 2006, dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, o colocou no caminho para o panteão de santos da Igreja Católica.   

Em 2013, o menino Matheus Vianna, então com três anos de idade, pesava apenas nove quilos devido ao pâncreas anular, anomalia congênita rara que o fazia vomitar praticamente tudo que comia.   

No entanto, segundo a família, o problema desapareceu completamente depois de a mãe de Matheus fazer uma novena para Carlo Acutis e de o menino tocar uma relíquia do jovem italiano ? um pedaço de camiseta ? e pedir para parar de vomitar.   

“Nós não sugerimos nada. Ele poderia pedir um presente, mas quis parar de vomitar. Ficamos encantados com o pedido dele, e cada um de nós pediu a mesma coisa, porque aquele sofrimento tinha de acabar”, conta a avó materna de Matheus, Solange, em entrevista à ANSA.   

O contato do pequeno com a relíquia ocorreu em 12 de outubro de 2013, durante uma missa na Capela Nossa Senhora Aparecida, hoje conhecida como “Capela do Milagre”, na Paróquia São Sebastião, sob influência do pároco Marcelo Tenório, principal responsável por disseminar os ensinamentos de Acutis no Brasil.   

“Matheus chegou em casa todo animado, dizendo que queria ‘papá’, então minha filha preparou um caldinho de feijão com um pouquinho de arroz, e ele não vomitou. Mesmo assim, ficamos observando, e o menino foi ficando bem, continuou comendo: feijãozinho, arrozinho, vitaminas, papinhas”, acrescenta Solange.   

Diante da melhora, a médica de Matheus pediu um ultrassom para verificar o estado do pâncreas anular, porém, segundo a avó, não encontrou nenhuma anormalidade. “E aí foi só alegria”, diz ela.   

Para comprovar o milagre, Matheus teve de ser submetido a uma junta médica que revisou todos os exames antes de enviá-los ao Vaticano, que beatificou Acutis em 10 de outubro de 2020.   

Mais tarde, a confirmação de outro suposto milagre, desta vez a cura de uma jovem costarriquenha que estava à beira da morte depois de um acidente de bicicleta, abriu caminho para a canonização.   

Acutis será o primeiro santo “millennial”, ou seja, da geração nascida entre 1980 e 1995, após ter sido modelo de vida cristã para jovens no mundo todo por ter usado a web para difundir sua fé, o que lhe rendeu os apelidos de “padroeiro da internet” e “influenciador de Deus”.   

Seu corpo costuma ser mantido em exposição em um esquife de vidro em Assis, na Itália, trajado com jaqueta, calças jeans e tênis da Nike, em uma tentativa da Igreja de se conectar com as novas gerações. “É o santo dos novos tempos, da informática, dos jovens”, afirma Solange, que, ao longo dos últimos anos, viu outros infortúnios colocarem sua fé à prova.   

Após a cura de Matheus, ela perdeu a filha e o marido e ficou sozinha com o menino e o irmão mais velho, ambos autistas. “Mas eu sei que minha filha e meu esposo estão lá no céu junto com nosso santo”, garante.   

Hoje Matheus se alimenta de forma seletiva e fica longe dos holofotes, já que não gosta de aglomerações ou de ser observado ou tocado, mas leva uma vida relativamente normal, ganhou peso, estuda em casa com um professor do município e continua frequentando a Paróquia São Sebastião.   

Porém, segundo Solange, eles preferem ficar mais escondidos, nos cantinhos ou nos fundos da igreja, para não chamar atenção.   

“A gente tem uma gratidão eterna pela cura, isso eu quero que você saiba.” (ANSA).