27/03/2023 - 5:19
O transtorno bipolar é um problema que atinge cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Um dos tratamentos mais frequentes é o uso constante de remédios potentes – muitas vezes os famosos “tarja preta” -, que, apesar de melhorarem o quadro dos pacientes, podem ter relação direta com a queda da qualidade de vida das vítimas da doença.
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Procurando formas mais naturais de lidar com o transtorno bipolar sem substituir o uso dos medicamentos, o médico psiquiatra e membro da Associação Brasileira de Low Carb (ABLC) Régis Chachamovich explica que uma dieta com restrição de carboidratos pode ser uma aliada poderosa para tratar a bipolaridade.
Segundo Régis, os pacientes com esse problema são caracterizados por alternarem períodos de mania ou hipomania, depressão e normalidade. “Durante a fase de mania ou hipomania, o paciente costuma apresentar elevação do humor, aceleração da atividade mental, irritabilidade, diminuição da necessidade de sono, aumento da velocidade da fala e alterações de comportamento que frequentemente colocam a pessoa em situações de risco. O que difere a mania da hipomania é a intensidade e a duração do quadro”, explica. “Já a fase depressiva é marcada por tristeza intensa, falta de prazer em atividades que normalmente dão satisfação, desânimo, choro fácil e frequente, falta de energia, pensamentos com conteúdo negativista”, completa o médico.
Geralmente os psiquiatras receitam estabilizadores de humor e antipsicóticos para que o paciente tenha uma vida o mais normal possível, porém apenas o uso dos remédios sem acompanhamento da dieta e da rotina pode ter um peso muito grande na qualidade de vida do bipolar. “Em alguns casos, por exemplo, as crises são controladas, mas o paciente permanece em um estado depressivo leve e duradouro”, conta Régis. E é aí que a alimentação pode ajudar.
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A abordagem alimentar cetogênica surge da necessidade de complementar o tratamento medicamentoso desses pacientes, priorizando a ingestão de alimentos ricos em proteínas e gorduras boas. A dieta cetogênica promove mudanças benéficas não só no físico, mas também no mental das pessoas.
“A ciência tem mostrado, com cada vez mais dados, que essas alterações são altamente benéficas em um número crescente de situações, entre elas os distúrbios mentais”, diz. “O que confere à estratégia um espectro de ação significativamente mais amplo do que as medicações hoje disponíveis, com chances muito reduzidas de efeitos adversos”, completa o psiquiatra.
A dieta cetogênica prega que o consumo de carboidratos deve ser de 20 a 50 gramas por dia – na alimentação normal, gira em torno de 150 gramas. Para compensar a diminuição drástica desse tipo de alimento, o ideal é que a pessoa comece a ingerir mais gorduras boas, como o abacate, coco, sementes, azeite de oliva, amêndoas e nozes.
Para quem gosta de pão, batata, arroz, diversos doces e bebidas alcóolicas, a dieta pode ser bastante difícil no começo, já que esses alimentos são praticamente proibidos. Já as carnes, peixes e ovos são bem vindos, assim como morangos, amoras, framboesas, mirtilos, cerejas, creme de leite, iogurtes naturais e sem açúcar, leite de coco, leite de amêndoas, alguns queijos, dentre outras comidas.
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Mesmo assim, o profissional ressalta a importância de sempre ter acompanhamento médico para qualquer alteração no tratamento, principalmente de pacientes psiquiátricos. “Apesar de a estratégia alimentar ser bastante segura para a maioria das pessoas, são necessários cuidados importantes em relação à implementação e fase de adaptação, ao controle das medicações em uso, e ao acompanhamento de alguns parâmetros”, finaliza.