A nova exposição imersiva “Renoir – A Beleza da Vida” começa esta semana no Shopping Pátio Paulista (SP). Conhecido como “o pintor da vida”, Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) foi um dos artistas impressionistas mais importantes do mundo, amplamente conhecido por celebrar a vida cotidiana e beleza da França daquela época. Para Renoir, a vida era movimento e ele gostava de retratar pessoas em momentos de alegria e descontração.


+ Ladrões descobrem que roubaram mulher de Marcola e devolvem celular e PIX
+ Decreto regulamenta crédito consignado no Auxílio Brasil
+ Auxílio caminhoneiro: não recebeu? Veja como atualizar o cadastro

O artista francês não foi apenas uma figura importante na arte do século XIX, mas também teve um papel central no movimento impressionista. Junto com Claude Monet, Edgar Degas e Camille Pissarro, abriu novos caminhos para a arte mundial. Sua carreira foi de muito sucesso, sendo amplamente elogiado por seu estilo de misturar as tradicionais cenas parisienses ao ar livre com pinturas de nu feminino.

Nasceu em Limoges, no sudoeste da França. Seu pai era alfaiate e acabou se mudando para Paris para perto do Louvre, região que começou a fasciná-lo à medida que conhecia novos artistas ou novos quadros. Consegui com dificuldade ter formação clássica, estudando na famosa École des Beaux-Arts. As pinturas impressionistas de Renoir não apenas o tornaram um dos líderes do movimento, mas também lhe renderam a reputação de um dos grandes pintores do século XIX, amplamente reconhecido pelo uso vibrante de cores e pela representação espetacular da luz. Seu trabalho compreende muitas paisagens e cenas familiares, bem como ocasiões alegres e vivazes.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Agora, esse repertório está presente na nova exposição imersiva, dividida em oito seções temáticas para recriar toda a atmosfera presente nos quadros de Renoir. A exposição é pequena, mas muito criativa no formato e nas possibilidades de interação. No primeiro espaço, “Afeto e Memórias”, o visitante se depara com as memórias afetivas do artista, em quadros que retratam sua modesta infância. A segunda sala mostra a “Beleza do Cotidiano” e a capacidade de Renoir em extrair a energia de cenas do dia a dia. O terceiro espaço, batizado de “Flânerie, o Passeio”, simula imagens do século XIX e permite que os visitantes tirem fotos em um barco cenográfico, veja projeções de guarda-chuvas e acessem dois pontos (guarda-chuva e gangorra) para gravação de vídeos no estilo boomerang para veiculação nas redes sociais.

Na quarta sala, “Descanso com as Flores”, estão as flores pintadas por Renoir e, em “A Dança da Vida”, é possível fazer uma verdadeira imersão em quadros com músicos e dançarinos, em uma atmosfera festiva. No sexto espaço, o visitante conhece mais sobre a obra mais famosa do artista, o “Baile no Moulin de la Galette”, com um vídeo que conta curiosidades e histórias desta pintura. A penúltima sala da exposição leva os visitantes para um mergulho com “As Banhistas” e, na última sala, “Sonoridade Vermelha”, é possível montar quebra-cabeças interativos.

Para aproveitar ao máximo essa exposição, compartilho aqui 10 obras de Renoir que você precisa conhecer:

 

1-Baile no Moulin de la Galette (1876)

Baile no Moulin de la Galette (1876)
Fotos Reprodução

Essa pintura é uma obra-prima do impressionismo e, talvez, a mais famosa obra de Renoir. O quadro foi inspirado em uma das tardes de domingo de Moulin de la Galette, um local bem animado de Paris e que ficava na região de Montmartre, que até hoje se destaca pela vida agitada com seus bares e restaurantes. Havia um moinho de vento lá que produzia um pão chamado ‘galette’ e, por isso, surgiu o nome. O olhar de Renoir sobre a vida e o lazer na França está repleto de atores, artistas, críticos e membros da família de Renoir. Vários amigos de Renoir, inclusive seu irmão Edmond, posaram como modelos para ajudar na produção da pintura, feita ao ar livre para retratar a frescura, o clima alegre e o entusiasmo das pessoas com o dia ensolarado e com o ambiente de festa. A tela é emblemática para todo o movimento impressionista e para a arte mundial. Mostra cor e brilho nos rostos e roupas, ressaltando a luminosidade entre as sombras das árvores. O traço rápido de Renoir consegue fixar o tempo, sem perder absolutamente nada da intensidade e da excitação do momento. Quem olha a cena também fica com a sensação de que quase consegue ouvir a música ou as vozes das pessoas se divertindo. Um espetáculo em todos os detalhes.

 

2-O Almoço dos Barqueiros (1880-1881)

Renoir -O Almoço dos Barqueiros

Renoir se recusou a participar da quarta exposição impressionista que aconteceu em 1878 e começou a buscar inspiração nas fontes clássicas da época. Suas figuras ficam mais definidas e suas obras mais estruturadas. ‘O Almoço dos Barqueiros’ combina todos os temas que Renoir mais amava pintar: naturezas mortas, retratos de pessoas conhecidas e cenas ao ar livre. Como de costume, Renoir registra muitos de seus amigos íntimos, incluindo o artista Gustave Caillebotte, que está sentado usando uma camisa branca e um chapéu de barqueiro. Outros retratados são o colecionador Charles Ephrussi, o poeta Jules Laforgue e a futura esposa de Renoir, Aline Charigot. A pintura mostra os amigos do artista almoçando no Maison Fournaise, restaurante que ficava em uma ilha do Rio Sena e era muito frequentado por artistas. Quem olha a pintura tem a sensação de fazer parte da cena.

 


3-Dança em Bougival (1883)

Renoir - Dança em Bougival

Renoir retratou de três diferentes formas um casal dançando. Suzanne Valadon e Paul Lhote, dois de seus amigos, foram os modelos usados para capturar o espírito do artista enquanto dançam em um café na cidade de Bougival, localizada próximo à Paris. Note que Renoir inclui toques como cigarros, fósforos queimados e flores no chão para reconstruir a atmosfera do café. Ele também insere o rosa nas bochechas do casal para transmitir paixão e entusiasmo. Essas pinturas foram produzidas depois de uma viagem que fez pela Itália para estudar as obras de pintores clássicos e de antigos mestres. Seu trabalho continuou a se afastar do puro impressionismo após seu retorno à França, tornando-se mais contido e enfatizando os contornos das figuras. O casal dançante é Paul Lhote, amigo de Renoir, e Suzanne Valandon, que trabalhou para o artista durante muitos anos.

 

4-La Grenouillère (1869)

Renoir_-_La_Grenouillère

Poucos sabem, mas Renoir iniciou sua carreira como pintor de porcelanas. Depois, começou a copiar as obras de mestres que estavam expostas no Museu do Louvre. Em 1862, ele tornou-se aluno de Charles Gleyre, onde conheceu Alfred Sisley e Claude Monet. Foi graças a uma viagem que ele fez com Monet, no verão de 1869, que ele conheceu a região de La Grenouillère, um local de lazer na margem do Rio Sena, fora do centro de Paris. Naquele tempo que passaram ao ar livre, produziram pinturas maravilhosas e que são muito parecidas. Note a semelhança da versão de Monet com a obra de Renoir.

 

5-Nu Reclinado (1883) 

Renoir - Nu reclinado

O nu feminino se tornou um dos temas centrais da obra de Renoir. O artista pintou muitas modelos deitadas, tomando banho, contemplando a natureza, além de uma série de outras poses. Nu Reclinado antecipa o movimento de Renoir em direção à pintura um pouco mais nítida, com corpos mais delineados. Essa obra faz referência ao grande neoclássico Ingres e sua Grande Odalisca, em particular, com a mulher de costas para o espectador. A década de 1880 foi conhecida como o ‘Período Ingres’ de Renoir. A obra faz parte do acervo do MET (Museu Metropolitan de Nova York).

 


6-Os Guarda-Chuvas (1881 e 1885)

Renoir, Os Guarda-Chuvas

Renoir trabalhou nesta pintura em duas fases, começando com o impressionismo em 1881 e depois adotando uma abordagem mais clássica para concluí-la em 1885. Os guarda-chuvas retratam pedestres em Paris segurando suas coberturas titulares para se proteger da chuva. A obra se alterna entre a Hugh Lane Gallery de Dublin e a National Gallery de Londres.

 

7-As Grandes Banhistas (1884-1887)

Renoir - As Grandes Banhistas

Os Grandes Banhistas levaram Renoir três anos de experimentação e trabalho árduo, apenas para os críticos rejeitarem seu trabalho. Este trabalho pode ser visto como o culminar de seu ‘Período Ingres’. Um grupo de mulheres nuas brincam e saltitam em uma paisagem rústica com um rio passando. O que impressiona o espectador é como as figuras são arredondadas e bem definidas em relação ao fundo da pintura. O quadro mostra a influência de Ingres e Rubens, em uma cena de banho ao livre. Note como a pintura de Renoir mudou desse quadro para os demais.

 

8-Duas Meninas ao Piano (1892)

Renoir - Duas Meninas ao Piano

Renoir recebeu um convite do Governo Francês para fornecer uma nova obra para um museu de artistas vivos, o Musée de Luxembourg. Pintou ‘Duas Moças ao Piano’, em cinco versões ao todo. As pinturas mostram a influência da pintura de gênero francesa do século XVIII em uma cena doméstica rotineira. As cores avermelhadas do cabelo e o rosa quente do vestido da garota são uma clara homenagem ao pintor Ticiano, o grande mestre colorista de Veneza. As versões da pintura que fazem parte do acervo do MET (Museu Metropolitan de Nova Iorque) e do Musée d’Orsay são consideradas as melhores.

 

9-Banhistas (1918-1919)

Renoir - Banhistas

Renoir continuou trabalhando até os últimos dias de sua vida, apesar da saúde debilitada. Ele se mudou para a costa do Mediterrâneo e voltou a pintar nus femininos em paisagens abertas. Nesse período, as mulheres de sua pintura estavam mais rechonchudas do que nunca, em uma clara referência aos nus de Rubens. Em ‘Banhistas’, duas grandes mulheres (com cabeças pequenas) dominam a tela enquanto outras se banham no fundo. Com esta pintura, Renoir se propõe a não incluir nada do mundo moderno, retratando, em vez disso, uma imagem de atemporalidade. A família de Renoir doou o quadro para o Governo da França e ele está exposto no Musée d’Orsay (Paris).

 

10-Rosa e Azul (1881)

Renoir - Rosa e Azul

Se você acha que nunca terá a chance de viajar para ver uma pintura de Renoir em um dos maiores museus do mundo, fique atento a esta dica. Uma das grandes obras-primas de Renoir faz parte do acervo do Museu MASP. A pintura Rosa e Azul (1881) mostra as irmãs Alice e Elisabeth, filhas do banqueiro judeu Louis Raphael Cahen d’Anvers. Os vestidos são idênticos, mudando apenas a cor da fita. Alice, de cinco anos de idade, olha para o espectador como se estivesse para se desmanchar em lágrimas, enquanto a irmã maior, Elisabeth, de seis anos, parece mais segura. O retrato é maravilhoso, mas aparentemente não foi do agrado da família que, além de ter demorado quase um ano para pagar ao artista, colocou a obra numa área da casa que era utilizada apenas pelos empregados. Isso foi uma grande injustiça. Os olhares, os vestidos, os rostos rosados e as mãos entrelaçadas fascinam quem admira o quadro.

Recomendo a visita à exposição, que vai até 1º de outubro (Ingressos: R$ 25 e R$ 50 – https://www.sympla.com.br/). Quem for vai confirmar que Renoir era sensacional com seu repertorio artístico e com suas frases filosóficas. Costumava dizer: a dor passa, mas a beleza fica. Se desejar saber mais sobre um artista ou se tiver uma boa história sobre arte para me contar, aguardo contato pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou Twitter.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias