Para o deputado Capitão Augusto (PR-SP), candidato a presidente da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro deve ter dificuldade de dialogar com o Congresso no início do mandato, em razão maneira como ele construiu seu governo. Bolsonaro preferiu conversar com as bancadas suprapartidárias da Casa para montar seu primeiro escalão e preteriu partidos. “O Congresso será o tendão de Aquiles de Bolsonaro”, disse Augusto, que é presidente da bancada da bala, ao chegar à cerimônia de posse no Congresso. “Está faltando vínculo maior. Essa questão de trabalhar com as bancadas temáticas é um erro”, disse.

Para ele, nas votações, os partidos devem ter mais peso do que as bancadas devido às mudanças provocadas pela cláusula de barreira e os interesses dos parlamentares nas eleições municipais de 2020.

Augusto defendeu que o governo Bolsonaro recrie o Ministério das Relações Institucionais e nomeie um parlamentar para comandar a pasta. “Tem que ser alguém reeleito e que dialogue tanto com a direita quanto com a esquerda”, disse o deputado.

Ele prometeu que, caso seja eleito, vai rever o regimento da Câmara e restringir o poder da minoria, dificultando questões de obstruções. “A minoria não pode se impor sobre a maioria”, afirmou Augusto, que considerou antidemocrática a decisão de partidos como o PT e o PSOL de boicotar a posse de Bolsonaro.

Segundo o deputado, o governo não deve interferir na disputa pela presidência da Câmara. Ele citou como exemplos de presidentes que tentaram fazer isso Dilma Rousseff, Fernando Collor e Jânio Quadros. Nenhum deles terminou o mandato.

“O melhor que o Bolsonaro faz é cuidar do Executivo”, disse Augusto.

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Blocos

O líder do PSL na Câmara, deputado Delegado Waldir (PSL-GO), afirmou que o governo Bolsonaro está “formando blocos” no Congresso, ao responder sobre como deverá ser a governabilidade com a Casa. “Diariamente são centenas de deputados conversando com Onyx Lorenzoni”, disse.

Para ele, a questão da falta de diálogo direto entre Bolsonaro e os partidos não deverá afetar sua governabilidade.”Parlamentares terão de votar pelo Brasil”, afirmou.

Segurança

O esquema de segurança montado para a posse de Jair Bolsonaro é alvo de divergências nesta terça-feira. Enquanto o deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) reclamou que foi barrado três vezes para entrar na Casa, o deputado delegado Edson Moreira (PR-MG) lembrou que há ameaças ao presidente eleito e disse que “nada mais justo e correto” do que a segurança.

“Já que tem grupos dizendo que tem bomba, jogando bomba em igreja, diz que vai fazer atentado aqui e já deram uma facada quando ele era candidato. Acho nada mais justo e correto do que fazer segurança do presidente da República”, afirmou Moreira. Sobre o governo Bolsonaro, disse que a expectativa é boa e elogiou a escolha de ministros.

O esquema de segurança deixou os profissionais de imprensa isolados e sem água por horas.


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