O novo chefe do conselho de ministros do Peru, Aníbal Torres, pedirá ao Congresso nesta terça-feira (8) um voto de confiança para o gabinete ministerial, o quarto nomeado pelo presidente de esquerda Pedro Castillo desde que chegou ao poder há sete meses.

Torres apresentará a política geral do governo ao plenário do Congresso, controlado pela oposição de direita, a partir das 16h locais (18h no horário de Brasília). Será seguido por um debate de cinco horas antes da votação.

A incerteza paira sobre o resultado da votação porque o governo não tem apoio suficiente entre os parlamentares, segundo a imprensa. Castillo não tem maioria no Congresso, mas tem a seu favor a fragmentação e divisão entre os opositores.

A equipe de 19 ministros precisa do apoio de metade mais um dos parlamentares, o que equivale a 66 cadeiras na Câmara de 130 membros.

Mas exatamente um mês após a nomeação de Torres, advogado de 79 anos, como primeiro-ministro, o atrito entre a oposição e o Executivo se intensificou.

O fujimorista Força Popular, principal partido de oposição com 24 assentos, anunciou nesta terça-feira que ouvirá a apresentação de Torres “para saber quais propostas ele tem e qual será sua atitude perante o Congresso. Depois disso, teremos uma reunião para decidir nosso voto”, disse o porta-voz parlamentar Hernando Guerra.

Mas o apoio desse partido ao gabinete será “difícil” devido à “permanência no cargo de ministros que nossa bancada tem questionado”, disse.

Castillo teve que mudar sua equipe ministerial três vezes desde que assumiu o cargo em 28 de julho de 2021, um recorde que reflete o atrito na frágil coalizão governante de esquerda.

Além disso, há questões sobre acusações de corrupção que a promotoria está investigando. Se o Parlamento lhe negar confiança, Torres deve renunciar e Castillo formar um quinto gabinete.

O atual ministro da Saúde, Hernán Condori, é repudiado por sindicatos médicos e partidos de oposição no Peru, país com a maior taxa global de mortalidade por covid e que ainda sofre os estragos da pandemia. Em dois anos, foram registradas mais de 211.000 mortes e 3,52 milhões de infecções.

Condori “não tem o perfil mínimo para liderar uma pasta tão complicada”, disse Raúl Urquizo, reitor da Faculdade de Medicina do Peru.

A sessão parlamentar poderá prolongar-se até ao dia seguinte, como já aconteceu em ocasiões anteriores, devido à delicadeza do debate político.

Da oposição parlamentar, está sendo elaborada uma possível moção para votar pelo afastamento do presidente por “incapacidade moral permanente”, que poderá ser apresentada esta semana, segundo a mídia local.

Em dezembro, uma tentativa semelhante falhou.