BRASÍLIA (Reuters) -O presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou nesta quinta-feira que o Congresso será o “guardião” da democracia em meio a ataques a instituições de Estado, ao processo eleitoral e ameaças de não aceitação do resultado das urnas por parte do presidente da República e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Publicada no perfil oficial do chefe do Legislativo, a declaração ocorre em um dia marcado pela leitura de manifestos e atos em defesa da democracia apoiados por um amplo espectro de segmentos, desde setores produtivo e financeiro até movimentos sociais e sindicatos.

“O Congresso Nacional sempre será o guardião da democracia e não aceitará qualquer movimento que signifique retrocesso e autoritarismo”, publicou o senador.

“Não há a menor dúvida que a solução para os problemas do país passa necessariamente pela presença do Estado de Direito, pelo respeito às instituições e apoio irrestrito às manifestações pacíficas, à liberdade de expressão e ao processo eleitoral”, afirmou o presidente do Congresso.

Pacheco não assinou a carta, mas integra grupo de senadores que se une ao Poder Judiciário na defesa de princípios democráticos. O entendimento, no entorno do senador, é que ele é uma das autoridades que quase diariamente defende a democracia e possui instrumento próprio para se manifestar, sem a necessidade de integrar um movimento específico.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que também não assinou o manifesto, afirmou em seu perfil no Twitter que a Casa é o “coração e a síntese da democracia” e consiste em sua “representação maior”.

“No Legislativo, todos os dias são atos pela democracia, atos que produzem efeitos concretos e transformadores na vida do País e dos brasileiros. Democracia, uma conquista de todos!”, disse o deputado, tido como aliado do presidente.

Diante da escalada retórica de Bolsonaro contra a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro, entidades, juristas, artistas e até mesmo banqueiros e empresários decidiram se posicionar em mobilizações que tiveram seu ápice nesta quinta.

Pela manhã, na Faculdade de Direito da USP, foram lidas duas cartas em defesa da democracia, das eleições e do sistema eleitoral.

A primeira delas endossada por mais de cem entidades como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) –ainda que apoiada apenas por 18 de seus mais de 100 filiados– a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, e a Anistia Internacional, entre outros; e uma segunda, a “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, endossado por juristas, artistas, banqueiros, empresários e alguns candidatos à Presidência da República.

Bolsonaro, que não assinou o documento, que chama de “cartinha”, evitou mencionar o movimento, mas publicou post irônico ao escrever que “hoje aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro”, para em seguida afirmar que se tratava da redução do preço do diesel pela Petrobras.

Estão previstos ainda nesta quinta atos de rua em diversas capitais e cidades médias do país, convocadas por movimentos populares no âmbito da campanha “Fora Bolsonaro”. As manifestações têm um caráter de retomada da mobilização popular e ocorrem em um clima de “esquenta” para protestos maiores previstos para o dia 10 de setembro.

(Reportagem de Maria Carolina MarcelloEdição de Alexandre Caverni)

 

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