O Congresso Mundial de telefonia móvel (MWC), fundamental para o setor das telecomunicações, começou nesta segunda-feira (26) em Barcelona com destaque para a Inteligência Artificial (IA), o que o setor espera que lhe dê um impulso ante as baixas vendas de celulares.

“Enfrentamos uma falta de crescimento. Portanto, devemos buscar oportunidades”, disse Mats Granryd, diretor-geral da Associação Mundial de Operadores de Telecomunicação (GSMA), que organiza o evento na capital catalã desde 2006.

Segundo a agência especializada IDC, no ano passado foram vendidos 1,17 bilhão de dispositivos no mundo, o menor nível em 10 anos. As vendas, no entanto, aumentaram consideravelmente no quarto trimestre (+8,5%) e “a dinâmica avança rapidamente para uma recuperação”, destaca.

Com um mercado que desacelerou nos últimos anos e sem grandes novidades, a 18ª edição do congresso aposta no desenvolvimento da Inteligência Artificial.

“A IA é provavelmente a revolução mais profunda na história da humanidade: pela primeira vez, os humanos estão criando tecnologia capaz de pensar. Isso é uma grande mudança”, disse José María Álvarez Pallete, presidente da Telefónica.

A Inteligência Artificial “está claramente no caminho da democratização e já está por todos os lados”, destaca Thomas Husson, analista da Forrester, que espera que IA “impulsione a inovação”.

– IA no celular –

Vários fabricantes anunciam em Barcelona seus avanços tecnológicos neste campo, como o fabricante americano de chips Qualcomm ou a empresa chinesa Honor, que apresentou uma câmera com Inteligência Artificial.

“Estamos vendo uma combinação de modelos de IA que agora podem ser transferidos diretamente para um smartphone e chips que são potentes o suficiente para permitir que esses cálculos sejam feitos no telefone”, disse Ben Wood, analista da CSS Insight, à AFP.

A operadora sul-coreana SKT, a alemã Deutsche Telekom, a emiradense, a singapurense Singtel e a japonesa SoftBank Corp anunciaram sua intenção de criar uma “empresa conjunta”, para desenvolver, entre outros, modelos de linguagem à base das interfaces generativas de IA.

Os modelos estarão “adaptados especificamente às necessidades das empresas de telecomunicações”, para melhorar suas interações com os clientes através de assistentes digitais e chatbots.

Durante esses quatro dias, quase 100.000 profissionais e 2.500 expositores se reunirão neste encontro anual da conectividade, segundo a GSMA, que reúne quase 750 operadoras e fabricantes do setor das telecomunicações, como Samsung, Xiaomi, Huawei, Orange e Vodafone.

Também estão presentes vários pesos pesados da tecnologia como Airbus, Google e Amazon.

Além das questões vinculadas à IA, na atual edição do MWC, os profissionais poderão discutir também a recomposição do mercado europeu, após o anúncio da fusão da Orange com a MasMovil na Espanha, assim como o financiamento das redes de telecomunicações diante da explosão do tráfego de dados.

As operadoras lamentam há muitos anos por suportar o peso dos grandes investimentos em infraestruturas necessários para permitir a visualização de vídeos em plataformas como Netflix, YouTube ou TikTok, que se recusam a assumir parte dos custos.

“As autoridades europeias necessitam mudar de direção agora. A Europa necessita de investimentos e os investidores necessitam ver mudanças”, afirmou Margherita Della Valle, CEO da Vodafone.

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