O senador Eduardo Braga (MDB-AM), líder do MDB no Senado e relator da reforma tributária, disse nesta segunda-feira, 7, que formar uma base de apoio no Congresso atualmente é mais difícil do que há alguns anos. O motivo, na opinião do senador, é o protagonismo que o Legislativo adquiriu, tanto do ponto de vista de poder, quanto de controle de orçamento.

“[Antigamente] vivíamos exclusivamente um governo de coalizão. Hoje, além do governo de coalizão, de fato houve um fortalecimento do Congresso, que ganhou muito mais protagonismo e muito mais poder nos últimos anos, seja do ponto de vista orçamentário, seja do ponto de vista do protagonismo nas matérias econômicas, administrativas e até mesmo nas matérias de costumes”, disse durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

Esse maior protagonismo do Congresso citado por Braga se dá tanto em relação aos recursos definidos pelo Legislativo no Orçamento quanto na aprovação de pautas importantes. Nos últimos anos, coube aos parlamentares aprovar o impeachment de uma presidente (Dilma Rousseff), rejeitar duas denúncias contra outro presidente (Michel Temer), além de ter cada vez mais recursos de execução obrigatória no Orçamento.

“Isso fez com que a composição da base aliada fosse cada vez mais complexa e cada vez mais híbrida”, analisou Braga.

O senador comentou ainda a iminente reforma ministerial que o governo Lula (PT) fará para abrigar partidos do Centrão. O próprio presidente e auxiliares próximos já confirmaram que PP e Republicanos serão contemplados com cargos no 1º escalão, que ainda serão definidos.

“A questão ministerial é uma decisão do presidente da República. O Executivo é representado pelo voto direto da população ao presidente e o presidente tem a liberdade de a qualquer momento fazer as mudanças que entender necessárias no ministério, não apenas para ampliação de base ou até mesmo para que possa performar melhor na sua avaliação aquele ministério”, disse Braga.

“Ele [Lula] tem a competência e o direito dado pelo povo quando o elegeu presidente para formar o governo de acordo com as convicções e compromisso firmado com o povo”, completou.

Braga elogiou, ainda, a atuação de um dos ministros de Lula: o chefe da Fazenda, Fernando Haddad. Para o líder do MDB no Senado, Haddad tem se fortalecido no cargo com a aprovação de uma agenda de reformas econômicas.

“Conheço Haddad há muitos anos e para mim não é uma surpresa, sei da sua capacidade, competência e capacidade de diálogo e construção. Sim, ele sai fortalecido e tem se fortalecido não só no governo mas diante da opinião pública e diante do mercado nacional e internacional pela sua coerência”, afirmou o senador.