Congresso do Peru encurralado por nova lei agrária e ameaça de bloqueios

Congresso do Peru encurralado por nova lei agrária e ameaça de bloqueios

O Congresso do Peru debate nesta terça-feira (29), pelo segundo dia, um projeto da nova lei agrária que permitiria acabar com os protestos dos trabalhadores rurais que exigem melhores remunerações desde o início de dezembro.

Os parlamentares buscam chegar a um consenso em uma corrida contra o tempo, porque a legislatura acaba nesta terça-feira e está latente a possibilidade de os trabalhadores retomarem as greves e bloqueios da rodovia Pan-americana.

O projeto de lei, que foi aprovado pela poderosa Comissão de Economia no fim de semana, não teve o apoio na sessão plenária de segunda-feira, que o rejeitou e devolveu aos seus autores.

O legislador Anthony Novoa, presidente da Comissão de Economia, apresentou uma nova versão com as recomendações feitas pelas bancadas.

“Se esta questão permanecer sem solução pela segunda vez, vamos suspender a sessão”, indicou a presidente do Parlamento, Mirtha Vásquez, por volta de meia-noite de segunda-feira.

Os protestos agrícolas marcaram o cenário político em dezembro, deixando dois trabalhadores mortos durante um confronto com a polícia.

Na região Ica (sul), cerca de 1.300 policiais permanecem posicionados desde o fim de semana em vários trechos da rodovia Pan-americana devido às ameaças de novos bloqueios.

Os confrontos da semana passada deixaram 40 policiais e 11 trabalhadores feridos, segundo as autoridades. Além disso, 24 manifestantes foram detidos.

Na região La Libertad, no norte do Peru, trabalhadores permanecem de um lado da rodovia Pan-americana, esperando alguma decisão no Congresso.

“Continuaremos lutando até que a lei seja aprovada. Se o Congresso não aprovar a lei, responsabilizamos o governo de Sagasti e o poder legislativo pelo o que pode acontecer a seguir”, disse um trabalhador na província de Virú na região Libertad.

“O que pedimos é um salário digno, esperamos que hoje entendam isso”, acrescentou.

Os trabalhadores exigem que as empresas agroexportadoras aumentem seu salário de 11 para 18 dólares diários. No entanto, para isso é preciso um novo regime de trabalho agrário que só pode ser aprovado pelo Congresso.

Em 4 de dezembro, o Congresso revogou uma lei agrária que os funcionários consideravam prejudicial e prometeu uma nova, o que possibilitou uma trégua.