"DelegaçãoEste é o segundo grupo de políticos americanos que desembarcam na ilha em menos de 15 dias. Visita ocorre na esteira de viagem da presidente da Câmara americana, Nancy Pelosi, e protestos da China.Sem divulgação prévia, cinco congressistas americanos desermbarcaram em Taiwan neste domingo (14/08) para uma visita de dois dias à ilha. Na agenda, um encontro com a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, para discutir as tensões com a China e também investimentos na indústria local.

A viagem ocorre apenas duas semanas depois de a presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, ter visitado Taiwan, o que irritou profundamente o regime chinês.

A visita de Pelosi já havia levado a China a anunciar uma série de exercícios militares com aeronaves e navios de guerra ao redor da ilha. Agora, o encontro entre Ing-wen e os congressistas – democratas e republicanos –, nesta segunda, levou o governo chinês a confirmar novas manobras no ar e nas águas próximas a Taiwan.

O grupo de políticos americanos é liderado pelo senador democrata pelo estado de Massachusetts, Ed Markey, e se reuniu também com outros representantes do setor público, como o vice-ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Alexander Tah-ray Yui, além de empresários.

Os outros membros da delegação são Aumua Amata Coleman Radewagen, republicana que representa a Samoa Americana, e os democratas John Garamendi e Alan Lowenthal, da Califórnia, e Don Beyer, da Virgínia.

Em comunicado, o gabinete da presidente escreveu que "especialmente em um momento em que a China impulsiona as tensões no Estreito de Taiwan e na região com exercícios militares, Markey liderar uma delegação para visitar Taiwan demonstra, mais uma vez, o firme apoio do Congresso dos EUA a Taiwan".

A reação chinesa

A visita dos cinco parlamentares americanos ocorre alguns dias depois de a China ter promovido exercícios militares com munição real ao redor de Taiwan, incluindo o disparo de mísseis – alguns passaram por cima do Estreito de Taiwan, outros caíram justamente na área.

Há duas semanas, a reação chinesa ocorreu devido à visita da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan. Inicialmente, as simulações deveriam durar de quinta-feira (04/08) até domingo (07/08), mas foram estendidas até os primeiros dias da semana subsequente.

Nesta segunda-feira, Pequim confirmou que iniciaria novos exercícios no Estreito de Taiwan, o que o Exército de Libertação Popular da China descreveu como "um sério entrave para os EUA e para Taiwan, que seguem usando artifícios políticos e minando a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan".

No domingo, a agência estatal chinesa de notícias Xinhua publicou um editorial no qual conceituou os congressistas americanos de "oportunistas". E acusou a delegação de promover a viagem a fim de aumentar as chances nas eleições legislativas de novembro nos EUA.

"Os políticos americanos que estão brincando com o fogo na questão de Taiwan deveriam abandonar seus pensamentos ilusórios. Não há espaço para acordos ou concessões quando se trata dos interesses centrais da China", diz o editorial.

A embaixada da China em Washington também instou que os EUA respeitem a política de "uma só China".

Visitas ocidentais a Taiwan

A ilha de Taiwan está localizada a sudeste da China continental. Autogovernada desde 1949, tem um regime democrático e é politicamente próxima de países ocidentais, além de ser uma importante produtora de chips eletrônicos.

A China, no entanto, considera Taiwan parte de seu território e exige que países terceiros escolham entre manter relações diplomáticas ou com a China ou com Taiwan.

A visita de membros do alto escalão do governo americano à ilha não é novidade e aumentou nos governos de Donald Trump e Joe Biden.

Mas, antes de Pelosi, a última vez em que um parlamentar que preside a Câmara dos EUA – o político mais importante do país após o vice-presidente – visitou a ilha foi em 1997, com Newt Gingrich, que comandou a casa entre 1995 e 1998, durante o governo de Bill Clinton.

Nos últimos anos, Taiwan também teve uma série de visitas de delegações da Europa e de outros aliados ocidentais, em parte devido à postura mais agressiva de Pequim sob comando do presidente Xi Jinping.

O comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Comuns, no Reino Unido, planeja uma visita a Taiwan ainda este ano, a fim de demonstrar apoio ao regime democrático da ilha.

Em meio às deteriorações das relações entre Estados Unidos e China, e da pressão chinesa sobre a ilha, Taiwan também comprou uma série de armamentos americanos nos últimos anos.

gb (AP, AFP, Reuters, ots)