O congressista democrata Elijah Cummings, que participava da investigação sobre o processo de impeachment de Donald Trump, morreu nesta quinta-feira (17), aos 68 anos.

O respeitado representante de Baltimore faleceu no Hospital Johns Hopkins “em consequência de complicações relacionadas a problemas de saúde de longa data”, afirma um comunicado divulgado por seu gabinete, que não informou a causa do óbito.

Como presidente do Comitê de Supervisão e Reforma da Câmara de Representantes, Cummings estava no centro da investigação do julgamento político sobre o presidente Trump.

O representante também enfrentou Trump por sua política de detenção de migrantes, supervisionando as investigações sobre o tratamento dado a estes estrangeiros na fronteira com o México, assim como os esforços do republicano de incluir uma questão sobre cidadania no censo de 2020.

Hoje, o presidente Trump deixou de lado sua disputa com os democratas e manifestou suas condolências à família e aos amigos de Cummings.

“Eu vi, em primeira mão, a força, paixão e sabedoria deste altamente respeitado líder político. Será muito difícil substituir seu trabalho e voz em tantas frentes, se não impossível!”, tuitou.

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Em julho deste ano, o presidente descreveu Baltimore como um “desastre infestado de ratos”, onde “nenhum ser humano gostaria de viver” e acusou Cummings, um afro-americano que representava grande parte da cidade de maioria negra no Congresso desde 1996.

Em resposta, Cummings respondeu: “Sr. presidente, eu vou para casa no meu distrito diariamente. Todas as manhãs, eu acordo e vou lutar pelos meus vizinhos. É meu dever constitucional supervisionar o Poder Executivo. Mas é meu dever moral lutar por meus eleitores”. O representante também pediu aos funcionários do governo que parassem de fazer “comentários odiosos e incendiários” que apenas dividem a nação.

– Perda de um gigante –

Nascido em uma família de sete irmãos, Cummings era filho de um casal de agricultores da Carolina do Sul que migrou para o Norte em busca de melhores condições de vida.

Formou-se em Ciência Política e Direito e se tornou um dos mais poderosos democratas no Congresso, sendo um aliado-chave da atual presidente da Câmara, Nancy Pelosi.

De acordo com o jornal “The Baltimore Sun”, ele era “conhecido por sua devoção a Baltimore e aos direitos civis e por seus discursos contundentes e apaixonados”.

Dizia-se que Cummings tinha um particular ressentimento em relação a Trump, depois de seu tuíte dirigido a quatro representantes da Casa para que “voltassem” para seus países.

Desde que foi eleito pela primeira vez em 1996, Cummings nunca enfrentou um desafio sério nas urnas. Apoiou, desde o início, a candidatura de Barack Obama, democrata que se tornaria o primeiro afro-americano a ocupar a Casa Branca.

Desde o anúncio de seu falecimento, homenagens a Cummings não paravam de surgir de membros do Congresso.

“Hoje perdemos um gigante. O representante Elijah Cummings era um líder sem medo, o protetor da democracia e um lutador pelo povo de Maryland. Nosso mundo fica menos iluminado sem ele”, publicou a senadora Kamala Harris, pré-candidata à candidatura democrata.

“Era um homem extraordinário”, disse o líder da minoria no Senado, o também democrata Chuck Schumer.


“Tinha uma combinação de ser forte quando tinha de ser – e tinha de ser, com frequência -, mas também era gentil e decente, e atencioso e humilde”, completou Schumer.


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