Governo israelense afirma que seus ataques teriam atrasado programa nuclear iraniano “em pelo menos dois ou três”. Teerã condiciona retomada de negociações a uma pausa na ofensiva.A ofensiva israelense contra o Irã entrou no nono dia neste sábado (21/06) com novas trocas de ataques entre os dois países e sem um sinal de cessar-fogo. Após prever uma “campanha prolongada”, Israel afirmou estimar hoje que suas ações teriam atrasado “em pelo menos dois ou três anos” o desenvolvimento de uma bomba atômica pelo Irã, enquanto Teerã descartou uma retomada das negociações com os EUA sobre o programa nuclear antes do fim da ofensiva israelense.
Neste sábado, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse ao jornal alemão Bild, que a campanha já obteve resultados “muito significativos”. “Já atrasamos em pelo menos dois ou três anos a possibilidade de eles terem uma bomba nuclear (…) Não vamos parar até fazermos todo o possível para eliminar esta ameaça.”
Israel iniciou em 13 de junho uma campanha de ataques aéreos contra o Irã, alegando que Teerã estava prestes a obter uma arma nuclear. Os iranianos, que negam essa acusação, responderam com lançamentos de mísseis e drones. O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, por sua vez, afirmou que o último relatório de sua agência não continha provas de que o Irã estivesse fazendo esforço sistemático para obter uma arma atômica.
Irã: sem negociações se ataques continuarem
Os ministros das Relações Exteriores de França, Reino Unido e Alemanha, afirmaram na sexta-feira que foi aberta uma via diplomática com o Irã em relação ao seu programa nuclear, mas que Teerã a condicionou ao fim dos ataques de Israel contra seu território, ao término de uma reunião realizada em Genebra, na Suíça.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, enfatizou que expressou a seus interlocutores sua vontade de realizar uma nova reunião em breve.
Em declarações a um grupo de jornalistas, o ministro confirmou que o governo de seu país também quer privilegiar a via diplomática, o que ele condicionou ao fim da “agressão” por parte de Israel.
“Estamos prontos para considerar a diplomacia, uma vez que a agressão cesse e o agressor seja julgado”, afirmou.
Antes da campanha israelense lançada em 13 de junho, negociadores americanos e iranianos realizaram várias rodadas de conversas para um novo acordo sobre o programa nuclear iraniano. O último pacto, assinado em 2015, ficou obsoleto após a saída unilateral dos Estados Unidos em 2018, durante o primeiro mandato de Trump.
Mas as negociações entre Teerã e Washington para um novo acordo foram interrompidas com o início dos bombardeios israelenses. O pacto anterior buscava garantir a natureza civil do programa nuclear iraniano em troca do levantamento gradual das sanções econômicas.
Novos ataques
Neste sábado, o Exército israelense anunciou ter realizado ataques aéreos “contra infraestruturas de armazenamento e lançamento de mísseis no centro do Irã”.
Israel ainda anunciou hoje que três comandantes de diferentes corpos da Guarda Revolucionária Iraniana também foram mortos em bombardeios.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, anunciou em comunicado a morte de Saeed Izadi, identificado como um comandante de um subgrupo da Força Quds, ramo de elite da Guarda Revolucionária Iraniana, que dirige as operações no exterior.
Izadi teria sido morto durante um bombardeio aéreo do seu apartamento em Qom, uma cidade situada a cerca de 156 quilómetros a sudoeste de Teerã.
Além disso, o Exército israelita também anunciou, horas antes, a morte, esta manhã, de Aminpour Joudaki, identificado como o comandante de uma brigada de drones da Guarda Revolucionária Iraniana.
O Exército israelense também confirmou hoje a morte, num atentado à bomba contra o seu veículo no oeste do Irã, de Behnam Shahriyari, comandante da Unidade de Transferência de Armas da Força Quds, acusado de enviar armas e “centenas de milhões de dólares por ano” para milícias através das suas ligações na Turquia e no Líbano.
jps (AFP, EFE, Lusa)