Após a reabertura de áreas comuns, condomínios em São Paulo se depararam com aglomeração de moradores e conflitos causados pelo descumprimento de medidas e decidiram rever o uso dos espaços compartilhados. Parte voltou a adotar medidas mais rígidas e até a fechar novamente determinadas áreas. Mas há quem tenha optado por aumentar a flexibilização para evitar novas situações de hostilidade.

Em um condomínio de 600 apartamentos em Santana, NA zona norte de São Paulo, o caso de uma família infectada levou a Prestta Condomínios a fechar todas as áreas comuns, que haviam sido abertas em julho. Inicialmente, o condomínio havia permitido o uso da academia por uma hora, com agendamento para apenas uma família. Depois, foi ampliado para até quatro famílias, respeitados o distanciamento social e a higienização.

“Vinte dias depois (da reabertura) uma família que usava a academia descobriu que estava com covid-19 e achamos melhor fechar as áreas comuns, já que eles também tinham frequentado outros espaços. Voltamos à estaca zero, proibindo tudo por 15 dias”, diz o síndico profissional Aldo Castro, de 43 anos. Duas semanas depois, os espaços comuns foram novamente abertos. O uso da academia foi liberado para uma família e somente após 45 dias para quatro famílias outra vez.

Em um condomínio em Moema, na zona sul, de duas torres e 136 apartamentos, o síndico decidiu fechar a academia após conflito entre moradores. O espaço estava liberado para uso por uma família por vez. No entanto, não havia punição caso a regra não fosse respeitada.

Segundo uma professora de Administração Pública de 39 anos que pediu para não ser identificada, as famílias mais conscientes seguiam as medidas, mas outras não se importavam. “As outras áreas, como piscina, parquinho e quadra, permanecem abertas, mas sem regras e sem supervisão se moradores respeitam ou não o distanciamento. Falta punição.”

Já no condomínio de seis torres e 822 apartamentos administrado pelo síndico profissional Rafael Bernardes, de 38 anos, em Osasco, na Grande SP, as regras de uso da piscina foram reduzidas após o registro de conflitos entre moradores – e houve a reabertura no feriado de 7 de setembro.

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Inicialmente, o uso era permitido para até 40 pessoas, por duas horas. “Passado o tempo permitido, as 40 pessoas saíam da piscina e nova fila já estava formada com outras 10. Com isso, todos retornavam para a fila e 10 acabavam ficando de fora e reclamavam. Quem estava com crianças e idosos queria prioridade. Observamos situação hostil entre moradores”, conta Bernardes. Após diversas reuniões, a medida foi revista e o uso geral voltou a ser permitido.

Pai de Laura, de 7 anos, e de Valentina, de 2, o bancário Danilo Cunha, de 34, afirma que apenas deixa as meninas brincarem no parquinho do condomínio em Osasco quando há poucas crianças. “Só permito que brinquem quando não há aglomeração. Têm crianças que usam máscaras, outras não.”

Moira de Toledo, diretora executiva da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), avalia ser necessário estabelecer um plano de controle de cumprimento das medidas e de avaliação quanto à possibilidade de avanço ou de retrocesso no processo de reabertura. “É preciso informar a todos quando há uma pessoa contaminada no condomínio, sem expô-la. E avaliar se é necessário deixar a abertura mais restrita ou não.”

A reabertura de áreas comuns significa maior risco de exposição à doença. “Orientamos condomínios ao uso unifamiliar, ou seja, o uso de academia e piscina por pessoas que convivem juntas”, diz o infectologista Lauro Ferreira Pinto Neto, da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Santa Casa de Vitória. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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