MOSCOU, 29 SET (ANSA) – Os conflitos entre Azerbaijão e os separatistas armênios na região de Nagorno-Karabakh se intensificaram entre a noite desta segunda-feira (28) e a terça-feira (29), com bombardeios de ambos os lados, e com cerca de 100 vítimas confirmadas entre militares e civis.   

Segundo nota do governo de Baku, publicada pela agência russa Tass, os separatistas “prosseguiram ao longo de todo o fronte” e “tentaram reconquistar posições perdidas” na direção de Fizuli-Jabrailsky e Agder Tertersky, mas “foram impedidos pelas tropas azeris”. Agora, o confronto está ocorrendo próximo à cidade de Fizuli.   

Por outro lado, o governo armênio – que apoia os separatistas – diz que seus rebeldes “rejeitaram as ofensivas azeris em vários setores da linha de frente” e que eles tiveram “graves perdas” entre os seus militares.   

Nessa guerra de versões, os separatistas afirmam que 84 dos rebeldes morreram, além de outros 11 civis (nove no Azerbaijão e dois na Armênia). O governo de Erevan confirma apenas uma morte de civil em seu território.   

Já o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliev, informou que 10 civis azeris morreram durante bombardeios, mas que “infelizmente, esses números estão aumentando”. Entre esses civis, estariam cinco pessoas de uma mesma família, incluindo duas crianças.   

O Conselho de Segurança das Nações Unidas marcou uma reunião de emergência, a portas fechadas, para discutir a crise no Cáucaso ainda nesta terça-feira.   

– Ataques a cidades próximas: Ao longo desta terça, os dois lados do conflito se acusaram mutuamente de bombardeios em cidades próximas à região de Nagorno-Karabakh. Enquanto a Armênia informou que as forças azeris atacaram cidades próximas à Vardenis – fora da área separatista -, o Azerbaijão negou a informação.   

“Nenhuma bomba caiu no território armênio”, disse o embaixador azeri na Rússia, Polad Bulbuloglu, à rádio “Komsomolskaya Prava”.   

As trocas de acusações vêm desde a madrugada do domingo (27), quando os primeiros ataques aconteceram. Não se sabe ao certo quem começou a nova escalada no conflito, já que ambos os lados acusaram os “inimigos” de iniciarem os bombardeios.   

A região autônoma de Nagorno-Karabakh é alvo de disputa desde a dissolução da União Soviética. Em 1988, o território que tem a maioria da população de origem armênia não quis permanecer no Azerbaijão e, nos anos seguintes, um intenso conflito foi registrado com cerca de 25 mil mortes.   

Desde o início da década de 1990, porém, as negociações foram paralisadas, sem perspectivas de acordo, e desde então, o Azerbaijão afirma que a área pertence ao seu país – mesmo que não consiga intervir politicamente por lá – e os separatistas querem anexar Nagorno-Karabach à Armênia.   

– Novos apelos por cessar-fogo: Pelo terceiro dia consecutivo, governos internacionais – com exceção da Turquia, que declarou apoio total ao Azerbaijão – pedem por um cessar-fogo imediato.   

Após os apelos da União Europeia e da Itália, foi a vez da chanceler alemã, Angela Merkel, fazer o pedido e solicitar que os governos dos dois países “sentem à mesa” para negociar. O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, ainda informou que a chanceler conversou separadamente por telefone com o premier armênio, Nikol Pashinjan, e com o presidente azeri para debater a crise.   

O porta-voz da Presidência da Rússia, Dmitri Peskov, também voltou a pedir um “cessar-fogo imediato” e solicitou para a Turquia intermediar o processo.   

“Pedimos a todos os países, sobretudo àqueles que são nossos parceiros, como a Turquia, que façam de tudo para convencer as partes beligerantes a cessar-fogo e a buscar uma solução pacífica para esse longo conflito com métodos político-diplomáticos”, ressaltou Peskov.   

Porém, o ministro das Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, afirmou pouco depois que a “única solução do conflito é a retirada da Armênia das terras azeris”. A fala ocorreu após uma visita à embaixada de Baku em Ancara.   

“Na mesa de negociações e no território, nós estamos do lado do Azerbaijão. Queremos resolver a questão à sua raiz”, pontuou Cavusoglu.   

Os turcos têm uma rivalidade com a Armênia há mais de 100 anos, quando ainda existia o Império Otomano. Os dois países não tem relações diplomáticas formais até hoje.   

Quem se manifestou pela primeira vez de maneira oficial foram os Estados Unidos que, através do secretário de Estado, Mike Pompeo, pediram para que seja “dado fim à violência” e que os dois lados “retomem as negociações o mais rapidamente possível”.   

“As duas partes devem encerrar a violência e trabalhar com o grupo de Minsk para retomar o quanto antes as substanciais tratativas”, disse Pompeo durante visita à Grécia. (ANSA).