A família Bolsonaro é envolvida em uma série de problemas com a Justiça. O caso mais recente foi o indiciamento do filho mais novo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Jair Renan Bolsonaro, por falsidade ideológica, uso de documento falso e lavagem de dinheiro.

Além de Jair Renan, o ex-instrutor de tiro dele, Maciel Alves de Carvalho, foi indiciado pela Polícia Civil do Distrito Federal. Com base no inquérito, caberá ao Ministério Público decidir se oferece ou não denúncia à Justiça.

Ele não é o único membro do clã Bolsonaro envolvido em polêmica. Veja as principais acusações e suspeitas criminais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus filhos.

Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo da Operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal no dia 8 de fevereiro para apurar tentativa de golpe de Estado. Na ação, a corporação apreendeu o passaporte dele e encontrou uma suposta minuta de golpe no escritório do ex-mandatário na sede do partido, em Brasília (DF).

De acordo com as investigações, Bolsonaro teria recebido e pedido alterações na minuta de golpe, que determinava novas eleições e levava à prisão o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o presidente do Congresso Nacional, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Por conta disso, o ex-presidente convocou os seus apoiadores a participarem de um ato na Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 25 de fevereiro, no qual afirmou que pretende se defender das acusações.

Outra polêmica em que Bolsonaro se envolveu foi uma reunião, em 18 de julho de 2022, com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada na qual proferiu ataques às urnas eletrônicas sem apresentar nenhuma prova. Isso fez com que o partido PDT apresentasse uma Aije (Ação de Investigação Judicial Eleitoral) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) julgou o caso em 2023 e formou maioria para tornar o ex-presidente inelegível pelos próximos oito anos. O placar ficou em 5 a 2, sendo o último voto do então presidente da Corte, Alexandre de Moraes. Bolsonaro foi o terceiro presidente a ficar nesta condição.

Além disso, em 2022, Bolsonaro e seus filhos passaram a ser investigados pela compra de 51 imóveis em dinheiro vivo. O patrimônio considerado foi adquirido entre os anos de 1998 e 2022 e encontra-se em Brasília (DF) e nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo.

Porém, em novembro de 2023, o ministro do STF André Mendonça arquivou o pedido de apuração feito pela Polícia Federal contra o clã Bolsonaro por considerar que não havia provas suficientes.

Flávio Bolsonaro

RACHADINHAS Flávio Bolsonaro contratou a mãe e a mulher de Adriano, que lhe devolviam parte do salário
Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) (Crédito:Eraldo Peres)

Em 2020, Flávio Bolsonaro foi acusado pelo MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) de praticar as chamadas “rachadinhas” quando atuava como deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). O hoje senador negou qualquer irregularidade.

O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, que era chefe de gabinete de Flávio, foi apontado como operador do esquema de apropriação do salário destinado aos funcionários. Segundo o MPRJ, o filho do ex-presidente teria desviado mais de R$ 6 milhões.

As acusações contra Flávio eram pelos crimes de peculato, lavagem de dinheiro, apropriação indébita e organização criminosa. Após idas e vindas do caso na Justiça, o TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) arquivou a ocorrência.

Mesmo assim, o MPRJ pediu para que outras provas sejam consideradas para que o caso volte à Justiça. Agora a promotoria aguarda decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) para retomar o andamento do caso.

Eduardo Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro pede decreto contra "abusos" após Twitter desativar perfis "suspeitos"
Eduardo Bolsonaro (Crédito:Agência Brasil)

O chamado inquérito das Fake News recebeu em abril de 2023 o pedido do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino para incluir o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) e Flávio Bolsonaro nas investigações sobre ataques a ministros do STF e distribuição de notícias falsas nas redes sociais.

Como o inquérito corre sob sigilo de Justiça, não foi possível verificar se o ministro Alexandre de Moraes já analisou o pedido.

Além disso, Eduardo Bolsonaro foi denunciado à PGR (Procuradoria-Geral da República) por colegas parlamentares por apologia à violência contra professores. Isso ocorreu após o político atacar docentes durante discurso em um evento pró-armas em Brasília, em que afirmou que professores são “doutrinadores” e “piores que traficantes”.

Carlos Bolsonaro

Carlos Bolsonaro
Carlos Bolsonaro (Crédito:Reprodução)

Em janeiro deste ano, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi alvo de uma operação da Polícia Federal por suposto envolvimento com uma Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela, que tinha como intuito espionar de maneira ilegal as pessoas consideradas desafetos políticos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

A PF suspeita que o parlamentar obtinha informações “materiais” ilegais do ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, que foi alvo da corporação no dia 25 de janeiro.

O filho do ex-presidente é vereador desde 2001 e está em seu sexto mandato consecutivo na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Ele é apontado como o principal responsável pela administração das redes sociais de Jair Bolsonaro.

A corporação ainda suspeita que a estrutura do órgão teria sido utilizada para tentar reunir provas em defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no caso das rachadinhas na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), e de Jair Renan Bolsonaro, na ocorrência sobre tráfico de influência.

Jair Renan

Jair Renan Bolsonaro (Crédito:Reprodução/Portal Leo Dias)

De acordo com o relatório policial, que foi enviado à Justiça do DF no último dia 8, Jair Renan Bolsonaro e Maciel Alves falsificaram quatro relações de faturamento da empresa RB Eventos e Mídia, que pertencia ao filho do ex-presidente na ocasião.

Segundo as investigações, a fraude teria sido feita para apresentar um faturamento que nunca existiu: de R$ 4,6 milhões no período de um ano, entre 2021 e 2022. A fraude serviria como lastro para um empréstimo bancário.

O empréstimo original era de R$ 157 mil, mas o valor foi elevado posteriormente por meio de dois novos empréstimos. Segundo apurou a investigação, o último empréstimo não foi quitado. Em dezembro de 2023, a dívida da empresa com o banco estava em R$ 360.241,11.

Em depoimento, Jair Renan afirmou à polícia que não reconhecia suas assinaturas nas declarações de faturamento supostamente falsas, mas peritos atestaram que em um dos documentos a assinatura do filho do ex-presidente é autêntica.