A pauta da reunião desta terça-feira (14) entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o chefe da diplomacia dos EUA, Mike Pompeo, está carregada de questões de discórdia entre a Rússia e os Estados Unidos.

À situação na Venezuela ou às sanções, soma-se a questão iraniana e do desarmamento, entre outros temas que contribuem para criar um clima de nova Guerra Fria entre as duas potências.

– Venezuela –

Nas últimas semanas, Rússia e Estados Unidos se acusaram mutuamente de ingerência na Venezuela, devastada pela crise.

Moscou é um aliado essencial do presidente Nicolás Maduro, enquanto Washington apoia o líder opositor Juan Guaidó.

A Rússia criticou o apoio “irresponsável” dos Estados Unidos ao golpe de Estado fracassado contra Maduro e Pompeo afirmou que o presidente venezuelano estava disposto a deixar o país, mas que seus apoiadores na Rússia o haviam dissuadido de fazer isso.

– Irã –

O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, prometeu uma conversa “franca” com Pompeo sobre o acordo nuclear com o Irã, assinado em 2015 e do qual os Estados Unidos se retiraram em 2018.

A decisão do presidente americano Donald Trump de restabelecer as sanções contra o Irã afeta duramente a situação econômica da República Islâmica.

Rússia, China e União Europeia querem salvar o acordo, mas após as sanções dos EUA, Irã anunciou que suspenderia alguns dos compromissos assumidos.

Existe o receio de uma escalada militar por parte dos Estados Unidos, que enviou um navío de guerra e uma bateria de mísseis no Golfo, onde já estão presentes um porta-aviões e bombardeiros B-52.

A tensão aumentou na segunda-feira no Golfo depois que Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos denunciaram misteriosas “sabotagens” de vários navios.

– Coreia do Norte –

No mês passado, o dirigente norte-coreano Kim Jong Un se reuniu pela primeira vez com Vladimir Putin.

O encontro de Vladivostok tinha como objetivo ser um contrapeso à influencia de Estados Unidos e reforçar o papel de Moscou na península coreana, após o fracasso nas negociações anteriores entre Kim e Donald Trump.

Pyongyang insistiu em que Mike Pompeo devia ficar à margem de qualquer nova discussão.

– Ingerência eleitoral –

O relatório do procurador especial norte-americano Robert Mueller não apontou provas conclusivas de qualquer conluio entre a Rússia e a campanha Donald Trump em 2016, mas considera que a Rússia “interferiu sistematicamente nas eleições presidenciais de 2016”.

Mike Pompeo prometeu “medidas duras” contra essas “atividades nefastas” de Moscou e explicou que temia que, em 2020, Moscou se comportasse da mesma maneira. “E devemos esperar que eles continuem em 2050”, afirmou.

O Kremlin sempre negou qualquer interferência, alegando que as acusações se devem a um problema de disputas internas em Washington.

– Prisioneiros –

Moscou denuncia a situação de Maria Butina, a única russa detida e condenada em três anos de investigação sobre a interferência da Rússia na política dos EUA.

Acusada de ser uma agente russa nos Estados Unidos, ela foi condenada a 18 meses de prisão. Putin, entretanto, classificou a sentença de Butina de “arbitrária” e enfatizou que não entendia por que ela foi condenada.

Paralelamente. Paul Whelan, com dupla nacionalidade americana e britânica, foi provisoriamente detido na Rússia, acusado de espionagem. O ex-fuzileiro foi preso no final de dezembro em Moscou.

O governo russo rejeita que Whelan possa ser trocado por outro prisioneiro nos Estados Unidos.

– Sanções –

Washington emitiu sanções contra a Rússia após a anexação da península da Crimeia ucraniana por Moscou em 2014, prejudicando a economia russa e sua moeda nacional.

Depois disso, eclodiu uma guerra no leste do país entre o exército ucraniano e os separatistas pró-russos, apoiados militarmente – de acordo com Kiev e os países ocidentais – pela Rússia.

O conflito deixou quase 13.000 vítimas até o momento. Desde então, as sanções ordenadas por Washington e pelos países ocidentais tornam-se cada vez mais rígidas.

Washington pode tentar avançar na questão do conflito separatista após a eleição, no mês passado, de um novo presidente ucraniano.