O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enfrentou vários incidentes armados desde que assumiu o poder, em 2013, entre eles um suposto atentado com explosivos, o ataque a uma unidade militar, a rebelião de um ex-policial e, nesta segunda-feira, um motim de 27 militares.

– O motim –

Na madrugada de 21 de janeiro, 27 membros da Guarda Nacional (GNB) subtraíram armas de guerra de um posto militar e se entrincheiraram no quartel de Cotiza, bairro popular do norte de Caracas.

Após um confronto, os militares – liderados pelo sargento Alexander Bandres Figueroa – foram detidos. “Foi uma operação limpa, em tempo recorde, sem perda de vidas”, disse o número dois do chavismo, Diosdado Cabello.

O motim ocorreu a dois dias de uma manifestação da oposição para exigir um governo de transição e eleições, depois que Maduro assumiu, em 10 de janeiro, um segundo mandato considerado ilegítimo por seus adversários e grande parte da comunidade internacional.

“Aqui está a tropa profissional da GNB contra este regime, o qual não reconhecemos em absoluto. Precisamos do apoio de vocês, saiam às ruas”, disse Bandres Figueroa em um vídeo que circulou nas redes sociais.

– O “atentado” –

Em 4 de agosto de 2018, Maduro denunciou ter sido vítima de um atentado, depois que dois drones carregados com explosivos detonaram perto de um palanque onde o presidente chefiava um ato militar no centro de Caracas.

O presidente socialista responsabilizou pelo ato o deputado opositor Julio Borges, exilado na Colômbia, e o ex-presidente daquele país, Juan Manuel Santos.

Cerca de trinta pessoas foram detidas por este caso, entre elas dois generais e o parlamentar da oposição Juan Requesens.

Maduro assegurou que um dos artefatos explodiu em frente à sua tribuna e outro atrás da dos convidados. Sete militares ficaram feridos.

O presidente estava prestes a terminar seu discurso quando um barulho chamou sua atenção e ele olhou para o alto.

Dezenas de militares saíram da formação e correram de forma desordenada, enquanto os seguranças do chefe de Estado o cobriam com coletes à prova de balas.

– O ataque –

Em 6 de agosto de 2017, cerca de 20 homens, entre eles três militares, atacaram o forte de Paramacay, na cidade de Valencia (norte).

Enfrentaram militares que guardavam as instalações durante mais de três horas. Dois dos agressores foram abatidos, oito, detidos, e o restante fugiu com armas.

O grupo foi comandado pelo capitão da Força Armada Juan Carlos Caguaripano, detido cinco dias depois com outro agressor.

Durante o ataque, Caguaripano afirmou em um vídeo que se rebelava contra a “tirania ilegítima” de Maduro. Tinha sido expulso das fileiras militares em 2014 por rebelião e traição.

Também assegurou que sua operação era para “restabelecer a ordem constitucional”, não um golpe de Estado.

– O piloto rebelde –

Em 27 de junho de 2017, em meio a protestos contra Maduro que deixaram 125 mortos, o ex-policial Óscar Pérez, a bordo de um helicóptero, lançou uma granada sobre o Tribunal Supremo de Justiça e disparou contra o Ministério do Interior, no centro de Caracas.

Após o atentado, que não deixou vítimas, Pérez publicou vídeos nos quais pedia a renúncia de Maduro e dizia que seu objetivo era “restabelecer a ordem constitucional”. Aparecia acompanhado de homens armados.

O ex-piloto e ator amador permaneceu vários meses na clandestinidade.

Em dezembro de 2017, um comando dirigido por ele amordaçou militares da Guarda Nacional e roubou 26 fuzis kalashnikov e munições em Laguneta de La Montaña (estado de Miranda, norte). Pérez difundiu vídeos do ataque.

Em 15 de janeiro de 2018, foi executado junto com seis de seus colaboradores durante uma operação para capturá-lo, nos arredores de Caracas.

Outros membros do grupo foram detidos, após um confronto de várias horas que Pérez transmitiu em suas redes sociais.

A oposição denunciou o fato como uma “execução extrajudicial”.