O Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 39,3 pontos em abril, para 58,2 pontos, na série com ajuste sazonal, informou nesta quarta-feira, 29, a Fundação Getulio Vargas (FGV). É a maior redução mensal do índice e seu menor nível desde o início da série histórica do indicador, em 2001.

A retração na confiança atingiu a todos os 19 setores pesquisados pela instituição e puxada pelos dois indicadores componentes do ICI. O Índice de Expectativas (IE) recuou 46,6 pontos, para 49,6, e o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 31,4 pontos, para 67,4. Ambos também atingiram os menores valores da série.

“O resultado da sondagem da indústria de abril expressa os efeitos nocivos da crise causada pela covid-19 sobre o setor. A confiança dos empresários no momento presente, medida pelo ISA, desabou, e o crescimento sem precedentes do pessimismo em relação ao futuro fez com que o IE superasse em mais de 21 pontos seu mínimo anterior. O cenário para os próximos meses pode gerar novas surpresas negativas caso se mantenha o nível de incerteza elevada”, diz a economista da FGV Renata de Mello Franco, em nota.

No caso do IE, a piora foi puxada pelo indicador de produção prevista, que derreteu 57,5 pontos, para 34,6, uma retração acumulada de 68 pontos desde janeiro. A proporção de empresas que prevê nível menor de produção nos próximos três meses passou de 22,5% para 71,6% e a razão das que projetam aumento na produção caiu de 33,3% para 6,6%. Os indicadores de emprego previsto e tendência dos negócios caíram 40,7 pontos e 39,3 pontos, respectivamente.

No ISA, a avaliação dos empresários se deteriorou em todos os critérios de avaliação. A maior contribuição para a queda partiu do indicador que mede a satisfação com a situação atual de negócios, que teve retração de 33,0 pontos, para 64,2. A proporção de empresas que considera a situação atual como “ruim” aumentou de 21,4% para 59,9% e a razão das que a consideram “boa” caiu de 19,3% para 5,4%. Os indicadores de estoques e demanda total também tiveram queda, de 95,1 para 64,9 e de 104,2 para 76,2, respectivamente.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria também teve sua maior queda histórica mensal, de 18,0 pontos porcentuais. O indicador atingiu a taxa de 57,3%, também a mais baixa da série da Sondagem da Indústria.