Conferência internacional de proteção de espécies ameaçadas começa no Uzbequistão

A proteção dos tubarões e a limitação das vendas de chifres de rinocerontes são alguns temas da grande conferência mundial sobre a proteção das espécies ameaçadas, que começa nesta segunda-feira (24) no Uzbequistão.

Os representantes de mais de 180 países se reunirão com especialistas em conservação até 5 de dezembro em Samarkand, Uzbequistão, para discutir dezenas de propostas sobre o comércio e a proteção da vida selvagem.

O fórum, conhecido como Conferência das Partes (COP), reúne os signatários da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagens em Perigo de Extinção (CITES, na sigla em inglês).

A convenção, assinada em 1973, é considerada um marco fundamental para a proteção dos animais e plantas mais ameaçados, com a regulamentação do comércio de quase 36.000 espécies.

A CITES regulamenta o comércio com os chamados apêndices, listas de animais e plantas classificadas com o nível de ameaça que enfrentam.

O comércio de espécies incluídas no Apêndice I, as mais ameaçadas do mundo, é praticamente proibido. As espécies incluídas no Apêndice II enfrentam um escrutínio e certificação adicionais antes da comercialização.

As propostas na agenda pretendem fortalecer a proteção para várias espécies de tubarões, reduzir as restrições sobre o comércio de girafas e abrir a possibilidade de vendas limitadas de chifres de rinocerontes e marfim de elefantes.

Entre as propostas mais polêmicas está um apelo para aumentar a proteção das enguias, um alimento popular em muitos pontos da Ásia.

A enguia europeia (Anguilla anguilla) está catalogada como criticamente ameaçada de extinção e foi adicionada ao Apêndice II em 2009.

Vários países querem adicionar outras espécies de enguias ao Apêndice II, uma proposta rejeitada pelo Japão, país que consome grandes quantidades do animal.

– Reservas de marfim –

Outro tema polêmico é permitir que os governos vendam suas reservas de marfim de elefante e chifres de rinoceronte.

Os defensores da medida argumentam que os governos devem ser autorizados a vender as reservas para financiar a conservação, mas vários grupos de defesa dos animais alertam que reabrir a venda vai estimular o comércio ilícito.

“Assim que você abre o comércio lícito, criam-se caminhos para que marfim ilegal e chifre de rinoceronte ilegais sejam ‘lavados’ nos mercados asiáticos, onde já causaram muitos problemas”, advertiu Matt Collis, diretor de política no Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal.

A Namíbia, que defende a proposta, insiste que precisa dos fundos para evitar “a remoção progressiva dos rinocerontes da paisagem, a redução de seu habitat e o enfraquecimento das metapopulações nacionais”.

Os membros da CITES rejeitaram uma proposta similar em 2022.

Em Samarkand também serão discutidas propostas de mais proteções para sete espécies de tubarões, incluindo uma proibição total do comércio para o tubarão-galha-branca-oceânico, classificado como em perigo crítico (Apêndice I).

Outro tema da reunião será o polêmico mega-zoológico indiano de Vantara, com dezenas de milhares de animais.

Um relatório recente da CITES aponta irregularidades na importação de animais, o que a Índia nega.

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