Com suas sobremesas levemente açucaradas, a francesa Jessica Préalpato foi eleita nesta terça-feira a melhor confeiteira do mundo na lista 50 Best, que este mês anunciará sua relação anual de restaurantes.

A indicação da jovem Préalpato, que sucede na categoria o compatriota Cédric Grolet, acontece juntamente com a nomeação da mexicana Daniela Soto-Innes como a melhor chef, na categoria feminina, e do espanhol José Andrés ao prêmio Ícone, por sua contribuição à indústria da gastronomia.

– Não “Instagramável” –

Responsável pelas sobremesas do sofisticado Alain Ducasse au Plaza Athénée (três estrelas no guia Michelin), Préalpato, de 32 anos, venceu por apostar no conceito da “naturalidade”: sobremesas com toque de vinagre, pouco açúcar e apresentações que não são “instagramáveis”.

Na carta, a fruta da temporada se destaca na proposta mais doce: morangos com brotos de abeto (uma árvore conífera) servidos fermentados, tostados, poché, assados e até ao natural.

Suas apresentações são brutas, diferente da tendência gastronômica atual que busca se promover no Instagram e chamar a atenção. Para se ter uma ideia, Grolet conta com 1,3 milhão de seguidores na rede social, já Préalpato tem 27.000.

As criações da doceira são dominadas pelas notas amargas, ácidas, enquanto o açúcar e o sal são utilizados como na cozinha: para acompanhar.

“Me interesso pelos vinagres, vinagretes, todos os estilos de cozinhar, são maneiras diferentes de sublimar o produto”, explica à AFP Préalpato.

Com este estilo tão peculiar, esta chef confeiteira contratada em 2015 por Ducasse, admite ter sido alvo de críticas de colegas e clientes.

“Jamais teria apostado porque este tipo de sobremesa levou sal”. A indicação do 50 Best “é algo incrível”, disse.

– Um prêmio e muitas controvérsias –

Aos 28 anos, Daniela Soto-Innes se tornou a mais jovem cozinheira a ser nomeada a melhor do mundo mundo. O 50 Best aplaudiu seu restaurante mexicano Cosme de Nova York, onde já são famosas as “infladitas” de caranguejo, bem como as carnitas de pato e a sobremesa estrela, merengue de casca de milho.

A chef francesa Hélène Darroze e a brasileira Helena Rizzo foram vencedoras em edições anteriores, enquanto a espanhola Carme Ruscalleda reclamou por considerar que se trata de um prêmio “feio”, já que implica que as mulheres não podem competir no mesmo nível que os homens.

– Novas regras –

Esta premiação é uma prévia da cerimônia de 25 de junho em Cingapura, na qual serão anunciados os 50 melhores restaurantes do mundo. Situado no sudeste da França, o Mirazur, atualmente número três, tem grandes chances de subir, após uma mudança nas regras que impedem que um estabelecimento vença dois anos consecutivos.

Em 2018, o número um foi para a Osteria Francescana, na Itália, e El Celler de Can Roca, na Espanha, ficou em segundo, após ter vencido duas vezes.

A lista 50 Best, editada pela revista Restaurants, foi alvo de muitas críticas nos últimos anos, principalmente de chefes franceses, que a consideram menos rigorosa que o guia Michelin.