A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 24, traz a avaliação de os indicadores de condições financeiras permaneceram em “níveis favoráveis”, ainda que tenha havido alguma volatilidade desde a reunião de julho. De acordo com o documento, essa volatilidade decorre de movimentos nos mercados internacionais e impactos pontuais da crise na Argentina.

“O ambiente com condições financeiras favoráveis resulta da ampliação do grau de estímulo monetário, do ambiente externo relativamente favorável para economias emergentes e das perspectivas de melhoria dos fundamentos da economia brasileira, como resultado da agenda de reformas e ajustes necessários na economia”, avaliou o Copom, que ressaltou que esses efeitos aparecem de maneira mais nítida na dinâmica dos mercados de crédito e de capitais.

Ao detalhar os motivos para que o cenário internacional seja relativamente favorável aos emergentes, a ata citou o fato de diversos bancos centrais – inclusive de economias centrais – estarem provendo estímulos monetários adicionais.

Por outro lado, o Copom novamente avaliou que permanecem os riscos de uma desaceleração “mais intensa” da economia global e citou incertezas sobre políticas econômicas e de natureza geopolítica – chamando a atenção para as disputas comerciais e a tensões geopolíticas. O documento não faz menção, entretanto, aos atentados a refinarias de petróleo na Arábia Saudita, ocorridos no fim de semana anterior à reunião do colegiado.

“As incertezas no cenário externo implicam riscos para ativos cuja precificação dependa sobremaneira de um cenário com taxas de juros globais baixas e manutenção do ritmo de crescimento econômico recente”, destacou a ata.

O Copom, no entanto, voltou a enfatizar a capacidade da economia brasileira em absorver revés no cenário internacional, devido ao seu “balanço de pagamentos robusto, à ancoragem das expectativas de inflação e à perspectiva de continuidade das reformas estruturais e de recuperação econômica”.

Inflação em 12 meses

Os membros do Copom avaliaram que as projeções de curto prazo indicam que a inflação acumulada em 12 meses “deve recuar nos próximos meses e retornar, ao final do ano, para níveis próximos aos observados até agosto”. Em 12 meses até agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula 3,43%, aquém do centro da meta de 4,25% para 2019.

“Essa trajetória de curto prazo reflete, dentre outros fatores, comportamento benigno de alguns componentes mais voláteis da inflação e dinâmica da inflação importada, cujos vetores altistas têm sido moderados pela trajetória de preços externos”, pontuou o BC no documento.

A instituição reiterou ainda a avaliação de que as medidas de inflação subjacente “encontram-se em níveis confortáveis, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária” – ou seja, os componentes de serviços.

Na semana passada, o Copom reduziu a Selic (a taxa básica de juros) em 0,50 ponto porcentual, de 6,00% para 5,50% ao ano. Este é o menor nível da história.