Ex-presidente da CBF, José Maria Marin pediu a anulação do seu julgamento nos Estados Unidos e que um novo processo seja instaurado. Em dezembro, ele foi condenado por seis crimes por uma corte de Nova York e, desde então, aguarda sua sentença em uma prisão americana. Agora, ele insiste à Justiça dos EUA que deve ser inocentado ou que, pelo menos, um novo processo seja realizado.

O argumento do brasileiro é de que os promotores que apresentaram a acusação não mostraram provas concretas de que ele teria de fato recebido dinheiro em troca de contratos com empresas de televisão e marketing. O Ministério Público americano o acusa de ter recebido US$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 20,8 milhões, na cotação atual) em propinas, em troca de contratos para eventos como a Copa América, a Copa Libertadores e a Copa do Brasil.

Para convencer o júri, os promotores levaram à corte diferentes testemunhas. Todas indicaram como teriam recebido do brasileiro pedidos específicos por propinas. Os mesmos empresários ainda apontaram como o então vice-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também fazia parte do esquema, chegando a solicitar até mesmo um aumento no valor cobrado da propina. Foram essas informações que levaram a Fifa a o afastar do futebol de forma temporária, enquanto o caso é investigado.

Mas, para os advogados de Marin, não existe prova de que um pagamento tenha sido retribuído com os contratos. Portanto, a relação criminosa não seria estabelecida.

Outro argumento usado por Marin se refere ao uso de provas. De acordo com seus advogados, documentos do empresário Kleber Leite, apontando como um dos supostos responsáveis pelas propinas, teriam sido usados de forma ilegal. Nos dias seguintes à prisões de dirigentes da Fifa, em maio de 2015, a Polícia Federal realizou uma operação nos escritório de Leite, no Rio. Poucos meses depois, uma juíza decidiu que o Brasil não poderia cooperar com a Justiça americana, em sentença que passou a ser questionada pela Procuradoria-Geral da República.

Com 85 anos, o brasileiro aguarda o dia 4 de abril para saber sua sentença definitiva. Enquanto isso, está em uma prisão do Brooklyn. Marin não foi o único a pedir a anulação de seu julgamento. Os advogados de Juan Napout, ex-presidente da Conmebol, também apresentaram o mesmo pedido, depois que seu cliente foi também condenado no mesmo processo que envolvia o brasileiro.

No caso de Napout, seu argumento principal é de que a principal testemunha do caso – o empresário argentino Alejandro Burzaco – mentiu. Durante as audiências, entre novembro e dezembro, o executivo indicou que esteve em outubro de 2014 no Paraguai, justamente para negociar a suposta propina com Napout e Del Nero.

Para tentar provar isso, os advogados apresentaram documentos do voo e da imigração citados pelo executivo. Mas, na ficha das autoridades aeroportuárias, Burzaco não apareceria como um dos viajantes em um avião que, de fato, levava vários cartolas argentinos para Assunção. Ele aparece apenas em uma declaração da imigração paraguaia, apontando sua entrada no país uma só vez em 2014. Mas apenas no mês de dezembro.

A juíza do caso, Pamela Chen, já havia alertado em dezembro que não iria considerar as teses de um novo julgamento com base nos argumentos de Napout. Mas se ficar provado que Burzaco mentiu, seu testemunho seria anulado e o processo poderia ganhar novos contornos. O executivo, porém, perderia todos os benefícios que negociou em uma delação premiada com a Justiça norte-americana.