Na terça-feira (1°), a Justiça de São Paulo condenou o ex-aluno Gustavo Metropolo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) a pagar uma indenização de R$ 44 mil por ter cometido o crime de racismo contra João Gilberto Lima. Em 2018, Gustavo chamou João de “escravo” em um grupo de WhatsApp. As informações são do G1.

Essa não foi a primeira condenação. Gustavo Metropolo havia sido condenado, em março de 2021, pela juíza Paloma Assis Carvalho, da 14ª Vara Criminal de São Paulo. Ele foi sentenciado a pagar uma indenização de cinco salários mínimos à vítima (R$ 6.060) e prestar serviços para a comunidade enquanto cumpria a pena de 2 anos e 4 meses de prisão.

No entanto, Ana Paula Metropolo, mãe e advogada de Gustavo, recorreu da decisão na época.

Na nova sentença, a juíza Mariella Ferraz de Arruda Pollice Nogueira, da 25ª Vara Cível de São Paulo, determinou que o réu pague uma indenização no valor de R$ 44 mil por dano moral e material. O montante da outra decisão será descontado na atual.

O caso

No dia 6 de março de 2018, Gustavo Metropolo publicou em um grupo no WhatsApp uma foto de João Gilberto Lima ao lado de outras duas estudantes brancas e escreveu: “Achei esse escravo no fumódromo! Quem for o dono avisa!”.

Ao saberem desse episódio, professores da FGV interrogaram o então aluno que admitiu ter sido o autor da imagem e da legenda.

Assim que foi informado, João Gilberto, que cursava Administração Pública na mesma instituição, registrou um boletim de ocorrência por injúria racial no 4° Distrito Policial da Consolação.

Durante o interrogatório, Gustavo Metropolo negou a autoria do crime e afirmou que o seu celular havia sido roubado na época.

Mesmo assim, na primeira condenação, a juíza Paloma Assis Carvalho afirmou que a conduta do réu não atingiu apenas um indivíduo, mas sim toda a sociedade.

“Isso porque no contexto em que publicada (foto no grupo de amigos), dentro de uma instituição renomada e voltada a classes abastadas da sociedade, observa-se a intenção de segregar um aluno preto, que não ‘poderia pertencer’ àquele mundo. Além disso, ao dizer que encontrou um ‘escravo’, o acusado objetifica a vítima, dando a entender que ela só poderia estar naquele local acompanhada de seu ‘dono’. Nesse contexto, com a postagem, o autor diminuiu e ofendeu toda a coletividade de pessoas pretas, principalmente, as que frequentavam a faculdade à época dos fatos.”

Em entrevista ao G1, em 2020, João Gilberto disse que “a importância de um caso como esse é estimular as pessoas a irem atrás de fazer a denúncia. Como eu falo, é algo recorrente, que acontece bastante no Brasil, tanto que a mídia agora está trazendo à tona. É importante as pessoas não ficarem caladas e buscarem os seus direitos Eu não tenho pretensão de acabar com o racismo. Infelizmente, eu não tenho esse poder. Racismo não é mais brincadeira, racismo é um crime”.

Ele também ressaltou que permaneceu na instituição e recebeu apoio dos colegas, do diretório acadêmico e da coordenação do curso de Administração Pública.