O conclave para eleger o novo papa começa nesta quarta-feira, 7, e não possui previsão para ser finalizado. Confinados na Capela Sistina, 133 cardeais devem votar em quem considerarem mais adequado para ocupar o maior cargo da Igreja Católica – vaga deixada com a morte de Francisco.
O tempo de decisão é indeterminado porque o eleito deve somar dois terços dos votos totais do conclave para ser oficializado. Em resumo, isso significa que os religiosos podem ficar isolados por um longo período, em que o sigilo da cerimônia é mais que essencial.
Segundo os ritos da própria Igreja, a deliberação deve ser feita em segredo para garantir a liberdade de voto dos cardeais e impossibilitar qualquer influência externa de participar do resultado. Porém, para manter a confidencialidade, é preciso uma série de mecanismos e medidas minuciosas por parte do Vaticano.
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Confira quais:
Voto de silêncio
Na última segunda-feira, 5, os funcionários do Vaticano fizeram o voto de silêncio e juraram manter sigilo absoluto em relação aos acontecimentos do conclave.
“Prometo e juro observar o segredo absoluto com quem quer que seja que não faça parte do Colégio de Cardeais eleitores, e isso perpetuamente, a menos que receba uma faculdade especial dada expressamente pelo novo Pontífice eleito ou por seus Sucessores, em relação a tudo o que diz respeito direta ou indiretamente à votação e aos escrutínios para a eleição do Sumo Pontífice”, diz o juramento.
Além de recitarem as palavras, os profissionais assinaram o texto do voto de silêncio diante do Cardeal Camerlengo, que administra o Vaticano durante a vacância da Sé. A pena para a quebra do acordo é excomunhão.
Isolamento Físico
Um dos hábitos mais tradicionais e primordiais para a cerimônia do conclave é o isolamento físico total dos cardeais em relação ao exterior.
Desde a última terça-feira, 6, os religiosos começam a se instalar na residência de Santa Marta e outras dependências do Vaticano, onde permanecerão afastados do mundo até a escolha do sucessor do papa Francisco. Nas janelas da Capela Sistina e do edifício Marta (ambientes de votação e hospedagem, respectivamente) também já foram aplicadas películas opacas para barrar a visão do público de fora.
Todas as necessidades dos integrantes do conclave são supridas dentro das delimitações do próprio isolamento, com cardápios planejados e estadia organizada.
Varredura contra espionagem
Outra parte importante do confinamento se dá na fase de preparação da Capela Sistina. Enquanto organizam os detalhes para a recepção da cerimônia, os funcionários do Vaticano fazem uma varredura tecnológica fina por todo o ambiente.
Técnicos da Gendarmaria Vaticana utilizam scanners de radiofrequência e detectores de aparelhos. A intenção é garantir a ausência de qualquer tipo de dispositivo eletrônico de escuta ou registros de imagens.
Bloqueadores de sinal
Depois da inspeção detalhada, ainda na parte preparatória, é instalado um piso falso sobre os painéis originais do século XV. Desse modo, o chão fica nivelado e o mosaico histórico permanece protegido.
Além disso, o assoalho serve para que sejam colocados os chamados “jammers” – ou bloqueadores de sinal. Eles funcionam como emissores de ruído branco que impedem a transmissão de dados, captação de áudios, entre outros mecanismos.
Com isso, a Capela Sistina torna-se um polo completamente isolado eletronicamente: nenhum celular ou aparelho transmissor funciona dentro do local.