Conclave para eleger sucessor de Francisco começa em 7 de maio

Conclave para eleger sucessor de Francisco começa em 7 de maio

"DefinidoColégio Cardinalício se encontra dividido entre os que desejam seguir o engajamento de Francisco pelas minorias e contra a guerra, e os que querem retornar às doutrinas mais conservadoras de seus antecessores.O conclave para eleger o sucessor do papa Francisco se realizará em 7 de maio de 2025, anunciou o Vaticano nesta segunda-feira (28/04). O voto secreto será adiado em dois dias a fim de permitir que os cardeais se conheçam melhor e encontrem um consenso, antes de se isolarem na Capela Sistina.

Indagado pela imprensa sobre o clima na sala de reuniões, o argentino Ángel Sixto Rossi, de 66 anos, comentou: "Há esperança de unidade." Arcebispo de Córdoba, ele foi ordenado cardeal por Francisco em 2023.

Diversos cardeais mencionaram o desejo de manter o foco pastoral do pontífice na justiça social, nas mulheres, homossexuais e outros indivíduos marginalizados, e contra a guerra. Por sua vez, as alas conservadoras visam reconduzir a Igreja Católica às doutrinas nucleares enfatizadas pelos antecessores São João Paulo 2º e Benedito 16.

O britânico Vincent Nichols, de 79 anos, arcebispo de Westminster, enfatizou à agência de notícias AP a necessidade de buscar a unidade, e minimizou as divisões: "O papel do papa é essencialmente de nos manter coesos, e essa é a graça que recebemos de Deus." O cardeal venezuelano Baltazar Enrique Porras Cardozo expressou confiança que, tão logo o conclave comece, a decisão será rápida, "entre dois ou três dias".

Incerteza sobre eleitores e um cardeal condenado

O termo que designa o processo de escolha do novo pontífice deriva do latim con clave, "com chave", referindo-se à tradição de encerrar os cardeais numa sala até que alcancem a maioria necessária. Tendo prestado juramento de sigilo, eles se isolam do mundo até chegar à decisão final, sem acesso a jornais, televisão, rádio, telefones ou computadores.

O atual Colégio Cardinalício tem um total de 135 membros. Deles, 108 foram escolhidos por Francisco ao longo de seus 12 anos de pontificado – os últimos 20 em dezembro de 2024 –, em cantos extremos do mundo, com o fim de introduzir novos pontos de vista na hierarquia da Igreja Católica.

O fato de que muitos passaram pouco ou nenhum tempo em Roma, sem poder conhecer seus colegas, é um elemento extra de incerteza num processo que exige dois terços de concordância em torno de um único candidato. Porém só aqueles abaixo de 80 anos podem votar, e ainda não está claro quantos participarão.

Um dignitário espanhol já anunciou que não irá a Roma por razões de saúde, e uma grande incerteza é se Giovanni Angelo Becciu, que já foi um dos homens mais poderosos do Vaticano, será admitido à Capela Sistina. Acusado de desfalque e fraude financeira, em 2020 foi instado pelo papa a renunciar ao cargo de prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e a seus direitos cardinalícios.

Apesar de negar qualquer culpa, em dezembro de 2023 Becciu foi condenado a cinco anos e meio por fraude. Ele está apelando da sentença e, apesar de listado como "não eleitor", insiste em seu direito de votar e participou dos encontros pré-conclave.

Papel da África e aposta na harmonia

No diversificado Colégio Cardinalício composto por Francisco, o grupo de 18 prelados da África atrai especial atenção. Em 2024 eles formaram uma frente notavelmente unida contra a abertura do papa para os indivíduos LGBTQ+, recusando-se a implementar sua declaração que permitiria a bênção a uniões homossexuais. Portanto se especula se os africanos contribuirão para impedir que desponte um candidato papal progressivo.

Para além de eventuais facções, o sul-americano Ángel Rossi aposta na causa comum: "Quem quer que seja eleito tem que ser o sucessor de São Pedro, e todos nós esperamos que vá ser um bom papa." Além disso, está seguro que a mensagem de Francisco de "misericórdia, proximidade, caridade, ternura e fé" os acompanhará.

Apesar disso, Rossi reconhece que é intimidadora a tarefa de encontrar um sucessor para o tão carismático religioso morto em 21 de abril. Indagado pela AP sobre como se sentia ao participar de seu primeiro conclave, respondeu com um riso: "Com medo."

av (AP,AFP.DPA)