Conclave: como será a votação que elegerá o novo papa e quanto tempo pode durar

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Bombeiros instalaram chaminé por onde sairá a fumaça branca, quando for escolhido o novo papa Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

A partir da próxima quarta-feira, 7, os cardeais reunidos na Capela Sistina para o conclave decidirão o próximo líder da Igreja Católica.

A palavra conclave vem do latim e significa “com uma chave”. Ela se origina de uma tradição que começou no século XIII, em que os cardeais eram trancados para forçá-los a decidir o mais rápido possível e limitar a interferência externa.

Os cardeais com 80 anos ou mais podem participar das congregações gerais, mas não têm permissão para entrar no conclave para escolher o próximo papa, que é uma reunião de cardeais com menos de 80 anos. Grande parte da discussão ocorre em interações pessoais entre os cardeais.

O colégio dos cardeais’ é composto por 252 pessoas, incluindo oito brasileiros. Desse grupo, 131 votam (são votantes somente quem têm menos de 80 anos), sendo sete brasileiros.

Desde o conclave de 2005, que elegeu o Papa Bento XVI, eles votam na Capela Sistina, mas ficam na casa de hóspedes Santa Marta, com cerca de 130 quartos. A Santa Marta é fechada e eles são levados de ônibus para a Capela Sistina.

Atualmente, os participantes são proibidos de se comunicar com o mundo exterior. Telefones, internet e jornais não são permitidos e a polícia do Vaticano usa aparelhos eletrônicos de segurança para fazer cumprir as regras.

Com exceção do primeiro dia do conclave, quando há uma votação, os cardeais votam duas vezes por dia.

Embora pareça uma ação simples, o procedimento é dividido em três partes.

Como é a votação

Os religiosos ganharão um pequeno retângulo de papel onde precisarão escrever, com uma grafia não reconhecível, o nome do candidato escolhido e, após isso, depositá-lo dentro de uma urna

Durante o chamado “antescrutinum”, os cartões de votação são distribuídos pelos mestres de cerimônias aos cardeais depois que o último religioso diácono sorteia três escrutinadores, três revisores e três infirmarii, nome dado para aqueles que coletam os votos dos cardeais doentes na Casa Santa Marta.

As cédulas são entregues em branco e os cardeais procedem à votação sob as palavras “Eligo in Summun Ponteficem”.

Já na parte do “scrutinium vere e propique”, os eleitores procedem ao preenchimento da cédula, que ocorre em segredo: os cardeais podem escrever apenas um nome. O retângulo de papel é então dobrado ao meio e os cardeais são solicitados a segurá-lo.

Com a cédula nas mãos, eles alcançam a urna colocada no altar da Capela Sistina. A partir daí, os religiosos pronunciam o juramento repetindo a frase: “Invoco a Cristo, o Senhor, que me julgará, para testemunhar que meu voto é dado àquele que, segundo Deus, acredito que deve ser eleito”. Na sequência, o papel é colocado em uma espécie de bandeja de prata sobre a urna e o voto desliza para dentro do recipiente.

Quando as operações de votação são declaradas concluídas, é atingido o período “pós-escrutínio” e as cédulas são imediatamente embaralhadas dentro da urna. Os escrutinadores contam os votos: se o número não corresponder ao dos eleitores, todos os papéis são queimados e a votação é repetida.

Caso a quantidade estiver correta, os dois primeiros escrutinadores abrem e leem silenciosamente o nome escrito na cédula, enquanto o terceiro pronuncia a identidade do religioso selecionado. Os papéis são perfurados, amarrados e queimados dentro do fogão.

Se a votação não levar à eleição de um novo papa, uma mistura de perclorato de potássio, antraceno e enxofre é adicionada, produzindo fumaça preta.

O mundo saberá que um papa foi eleito quando um funcionário queimar as cédulas de papel com produtos químicos especiais para que a fumaça branca saia da chaminé da capela.

Quanto tempo pode durar?

É necessária uma maioria de dois terços mais um para a eleição. Se ninguém for eleito após 13 dias, é realizado um segundo turno entre os dois principais candidatos, mas ainda é necessária uma maioria de dois terços mais um. Isso é para promover a unidade e desencorajar a busca de candidatos de compromisso.

Quando o conclave elege um papa, ele é questionado se aceita e qual nome deseja adotar. Se ele recusar, o procedimento começa novamente.

O novo papa veste vestes brancas que foram preparadas em três tamanhos e senta-se em um trono na Capela Sistina para receber os outros cardeais, que prestam homenagem e prometem obediência.

O eleitor sênior entre os cardeais diáconos, atualmente o cardeal francês Dominique Mamberti, sobe ao balcão central da Basílica de São Pedro para anunciar à multidão na praça “Habemus Papam” (Temos um papa).

O novo papa então aparece e dá à multidão sua primeira bênção como pontífice.