O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou hoje que conceder o habeas corpus ao ex-presidente Lula “estimulará a impunidade”, pois a medida é incompatível com a realidade jurídica e dos anseios da sociedade. Para ele, se o ex-presidente for liberado para ficar livre à espera do último recurso na Justiça, o STF estará sinalizando que só os pobres devem cumprir as penas pelos crimes praticados. [posts-relacionados]

“Caso Lula não vá para a cadeia agora e não cumpra pena pelos graves crimes de corrupção que cometeu, estará se dando um recado de que ele e os mais abastados podem cometer as atrocidades que cometeram e terão a certeza de que ficarão eternamente livres”, disse o prefeito da maior cidade da América Latina e que deve deixar o cargo na sexta-feira para disputar o governo de São Paulo pelo PSDB.

Doria acredita que, se Lula receber o direito de aguardar o julgamento até a última instância e não cumprir o que determina o próprio STF, de prisão após condenação em segunda instância, “estará se endossando a corrupção, o que é inaceitável”.

“O Brasil das pessoas do bem já derrotou os que optaram pela corrupção como métodos de fazer política, inclusive com gigantescas manifestações de rua, como as acontecidas ontem na avenida Paulista. Não podemos permitir que o Tribunal faça agora um julgamento seletivo para proteger o corrupto Lula”, protestou o prefeito. Ele entende que as leis foram feitas para serem cumpridas.

“A decisão majoritária do STF de 2016, prevê que o condenado em segunda instância vá para a cadeia. Então, a lei precisa ser cumprida. Não se pode mudar as leis apenas para beneficiar uma pessoa, como acontece agora com o ex-presidente criminoso. Se ele não cumprir a lei agora, o Tribunal estará concedendo uma licença para o crime”, criticou o prefeito.

Nesse sentido, Doria lembrou que até o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, foi enfático ao divulgar uma nota nas redes sociais repudiando a impunidade que se avizinha no país, a depender da decisão do STF. “O comandante do Exército, que eu conheço bem, tem razão ao manifestar suas apreensões sobre o julgamento de hoje. Ele tem razão. Conheço suas convicções patrióticas. A sua manifestação é válida, pois acima de tudo está o respeito pela Constituição e pela Democracia”.