A Marcha do Orgulho reuniu, neste sábado (28), em Caracas, milhares de pessoas que reivindicaram os direitos da comunidade LGBTQ+ na Venezuela, um país muito conservador onde não há casamento igualitário nem a possibilidade de mudar de identidade de gênero.
Uma multidão a pé, junto com caminhões e motocicletas, percorreu uma importante avenida da capital. “Sem discriminação”, dizia um cartaz que um grupo carregava no início da mobilização.
A maioria dos manifestantes tinha ao menos um pequeno detalhe com as cores do arco-íris, desde uma pulseira até bandeiras amarradas ao pescoço.
Outros vestiam trajes elaborados com enormes adornos semelhantes aos do Carnaval e maquiagens extravagantes com brilhos e cílios longos.
“Eventos como este obviamente contribuem para nos dar mais visibilidade para continuar exigindo nossos direitos, que têm sido cada vez mais violados”, disse à AFP Daisha Robinson, de 25 anos.
O governo de esquerda de Nicolás Maduro não se pronunciou sobre a marcha. O presidente afirmou em 2023 que apostava em uma “sociedade de aceitação da diversidade”, embora até agora não haja nenhum projeto que proteja explicitamente a comunidade LGBTQ+ da discriminação.
Também não há dados oficiais sobre ataques, mas o Observatório Venezuelano de Violências LGBTIQ+ relatou cerca de 100 agressões contra a comunidade em 2024 e pelo menos 40 casos de discriminação.
“Ainda existe um preconceito e um estigma, sobretudo nas famílias”, disse Rosmar Rodrigo, de 24 anos. “É muito difícil para as pessoas, por assim dizer, se expressarem.”
Durante a marcha, ONGs realizaram rastreamentos de doenças sexualmente transmissíveis e distribuíram informações sobre métodos preventivos, também escassos na rede pública e muitas vezes alvo de estigma.
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