BUENOS AIRES, 22 JUL (ANSA) – A cúpula dos ministros das Finanças e dos presidentes dos bancos centrais do G20, realizada em Buenos Aires, na Argentina, terminou neste domingo (22) com um comunicado que defende o comércio internacional, em meio à guerra de tarifas de importação deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.   

A reunião foi a primeira cúpula ministerial do grupo após a entrada em vigor das sobretaxas de 25% e 10% impostas pelos EUA ao aço e ao alumínio, respectivamente, de alguns países e blocos, como China, Canadá, México e União Europeia.   

O próximo alvo de Trump devem ser automóveis produzidos na UE, mas o presidente também estuda sobretaxar todos os itens importados da China. “O comércio internacional e o investimento são motores importantes do crescimento, da produtividade, da inovação, da criação de emprego, do desenvolvimento”, diz o comunicado final do G20.   

O texto ainda acrescenta que os países-membros reconhecem a “necessidade de intensificar o diálogo e as ações para mitigar os riscos e fortalecer a confiança”. “Estamos trabalhando para fortalecer a contribuição do comércio em nossas economias”, acrescenta.   

Segundo o G20, o crescimento econômico global continua sendo “robusto”, e os níveis de desemprego são os “mais baixos em uma década”. “Contudo, o crescimento tem sido menos sincronizado, e os riscos de curto e médio prazo aumentaram. Isso inclui as recentes vulnerabilidades financeiras, o aumento das tensões comerciais e geopolíticas, os desequilíbrios globais e o crescimento estruturalmente frágil, particularmente em algumas economias avançadas”, diz o comunicado.   

Durante a cúpula, o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, já havia alertado que a guerra comercial de Trump produzirá apenas “prejuízos” e “destruirá postos de trabalho”.   

Além disso, cobrou dos EUA o respeito às “regras do multilateralismo”. Já a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que as disputas tarifárias podem provocar um impacto de 0,5% no PIB global.   

O FMI foi alvo de protestos nos dois dias de reunião em Buenos Aires, por causa do empréstimo de US$ 50 bilhões para frear a crise cambial na Argentina. O socorro foi pedido pelo presidente Mauricio Macri, que terá de implantar um programa de ajuste fiscal para ter acesso ao dinheiro.   

“O acordo com o FMI marca a entrega de nossas vidas à ditadura do mercado e ratifica um modelo de país dependente, no qual se pretende continuar a precarizar o trabalho e a atacar as aposentadorias”, diz um comunicado escrito pelos manifestantes, a maior parte deles integrante de organizações sociais. (ANSA)