SÃO PAULO (Reuters) – A China não deve ampliar significativamente suas importações de milho do Brasil no curto prazo, apesar de um protocolo anunciado nesta semana, pois os chineses já preencheram com o cereal dos Estados Unidos parte da lacuna de oferta deixada pela Ucrânia, disse nesta quinta-feira a consultoria Safras & Mercado.

Segundo o analista Paulo Molinari, o acordo fitossanitário entre Brasil e China já existia, e foi formalizado agora um aprimoramento, que não tende a se traduzir em vendas imediatas.

“Este ano ela (China) já atendeu a sua demanda que vinha da Ucrânia, substituindo por milho americano”, afirmou em evento por videoconferência.

Ele disse que o milho está em um dos patamares de preço mais elevados da história, e o movimento realizado pelos chineses poderia sinalizar ao mercado um sentimento de redução nas exportações americanas, o que, por consequência, pressiona as cotações na bolsa de Chicago.

“Esse é objetivo da China, abrir o mercado brasileiro para derrubar Chicago… Chicago reflete prioritariamente a situação americana”, enfatizou.

A autoridade alfandegária chinesa e o Brasil concluíram na terça-feira um acordo para permitir a importação de milho brasileiro.

No entanto, representantes do setor alertaram que a exportação, de fato, ainda requer um acordo sobre equivalência de transgênicos para ser finalmente viabilizada, além da necessidade de cerca de três meses para o governo brasileiro revisar os requisitos fitossanitários para o embarque.

Ainda assim, o analista do Safras acredita que as exportações de milho do Brasil devem sair de 20,78 milhões de toneladas em 2021 para 37 milhões neste ano, em função da recuperação na segunda safra, ante o ciclo anterior que foi afetado por seca e geadas severas.

“E mesmo com esse patamar de embarque, nosso estoque final ficaria em 10 milhões de toneladas, um fator de baixa para os preços”, disse ele.

Também durante o evento, o especialista reafirmou a projeção de 118,13 milhões de toneladas para a produção total de milho nesta temporada, contra 91,47 milhões na safra passada.

(Por Nayara Figueiredo)

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